Brasil

Bolsonaro ameaça demitir Levy do BNDES: "está com a cabeça a prêmio"

Motivo foi a nomeação de Marcos Barbosa Pinto, assessor do BNDES durante o governo PT entre 2005 a 2007, para diretor de Mercado de Capitais do banco

Joaquim Levy, presidente do BNDES e ex-ministro da Fazenda (Valter Campanato/Agência Brasil/Wilson Dias/Agência Brasil/Exame)

Joaquim Levy, presidente do BNDES e ex-ministro da Fazenda (Valter Campanato/Agência Brasil/Wilson Dias/Agência Brasil/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de junho de 2019 às 16h31.

Última atualização em 15 de junho de 2019 às 17h55.

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro deu uma bronca pública no presidente do BNDES, Joaquim Levy, e ameaçou demiti-lo caso ele não suspenda a nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto do cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento.

"Levy nomeou Marcos Pinto para função no BNDES. Já estou por aqui com o Levy", disse o presidente neste sábado, 15. "Falei para ele: (Levy) demite esse cara na segunda (dia 17) ou eu demito você (Levy) sem passar pelo Guedes (ministro da Economia)", afirmou o presidente.

Bolsonaro deu a declaração ao sair do Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência, em direção à base militar, de onde parte para Santa Maria (RS), onde participa de uma cerimônia militar.

"Governo tem que ser assim: quando coloca gente suspeita em cargos importantes e essa pessoa, como Levy, já vem há algum tempo não sendo leal àquilo que foi combinado e que ele conhece a meu respeito, ele (Levy) está com a cabeça a prêmio há algum tempo", continuou o presidente.

Ao ser questionado por uma jornalista se estava demitindo publicamente o presidente do BNDES, Bolsonaro negou. "Você tem problema de audição?", questionou à repórter.

Na sexta-feira, 14, durante café da manhã com jornalista, Bolsonaro demitiu o presidente dos Correios, general Juarez Cunha, por ter se comportado como "sindicalista" em ser contrário à privatização da estatal, avalizada pelo presidente.

Agora, o que irritou Bolsonaro foi o presidente do BNDES ter colocado Pinto - que já tinha trabalhado como assessor do BNDES durante o governo PT, de 2005 a 2007 - na diretoria que terá como foco a venda de participações da BNDESPar, braço de participações do banco de fomento.

O próprio Levy foi ministro da Fazenda de Dilma entre 1º de janeiro e 18 de dezembro de 2015, primeiro ano do segundo mandato da petista.

Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro tem prometido que iria "abrir a caixa-preta do BNDES", para revelar ao público o destino de empréstimos realizados pelo banco ao longo dos últimos anos. Em abril, Bolsonaro dissera que Levy estava atrasado para dar uma resposta sobre o assunto.

O pivô da briga

De acordo com a Bloomberg, Marcos Barbosa Pinto tem um currículo extenso além da sua experiência no BNDES e era sócio e membro do comitê da Gávea Investimentos, fundada por Armínio Fraga.

Ele tem mestrado em direito pela Universidade de Yale, mestrado em Economia pela Fundação Getúlio Vargas e doutorado em direito pela Universidade de São Paulo, além de já ter sido pesquisador visitante na Universidade de Columbia.

Ele também foi diretor da CVM entre 2007 to 2010 e serviu no conselho de empresas como Hering e Fibria.

Acompanhe tudo sobre:BNDESJair BolsonaroJoaquim Levy

Mais de Brasil

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho