Brasil

Bolsonaro admite que ainda não existe prova científica sobre cloroquina

Ministério da Saúde divulgou novo protocolo para tratamento da covid-19, autorizando prescrição da cloroquina em todos os estágios da doença

Jair Bolsonaro: presidente justificou a decisão afirmando que "estamos em guerra" (Isac Nóbrega/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro: presidente justificou a decisão afirmando que "estamos em guerra" (Isac Nóbrega/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 20 de maio de 2020 às 16h17.

Pouco depois de o Ministério da Saúde divulgar novo protocolo para tratamento de pacientes com Covid-19, autorizando a prescrição da cloroquina e hidroxicloroquina em todos os estágios da doença, o presidente Jair Bolsonaro, defensor da mudança, foi às redes sociais no início da tarde desta quarta-feira dizer que "ainda não existe comprovação científica" que embase a medida, mas que os medicamentos estão sendo usados e monitorados no Brasil e no mundo. Ele justificou a decisão afirmando que "estamos em guerra".

Até então, o ministério só havia autorizado para pacientes em estado grave. Agora, a cloroquina também pode ser indicada para pacientes apenas com sintomas leves de contaminação. O uso do medicamento ficará sob a responsabilidade do médico e precisa ter a concordância do paciente.

"Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o tratamento da Covid-19. Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, conforme modelo anexo", diz o texto divulgado pela pasta.

O protocolo diz ainda que o "uso das medicações está condicionado à avaliação médica, com realização de anamnese, exame físico e exames complementares, em Unidade de Saúde".

Veja algumas das orientações do protocolo

  • Apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, ainda não há meta-análises de ensaios clinicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o beneficio inequívoco dessas medicações para o tratamento da Covid-19. Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, conforme modelo anexo.
  • O uso das medicações está condicionado à avaliação médica, com realização de anamnese, exame físico e exames complementares, em Unidade de Saúde.
  • Os critérios clínicos para início do tratamento em qualquer fase da doença não excluem a necessidade de confirmação laboratorial e radiológica.
  • Contra-indicações absolutas ao uso da hidroxicloroquina: gravidez, retinopatia/maculopatia secundária ao uso do fármaco já diagnosticada, hipersensibilidade ao fármaco, miastenia grave.
  • Não há necessidade de ajuste da dose de hidroxicloroquina para insuficiência renal (somente se a taxa de filtração glomerular for menor que 15) ou insuficiência hepática. O risco de retinopatia é menor com o uso da hidroxicloroquina.
  • Não coadministrar hidroxicloroquina com amiodarona e flecainida.
  • Há interação moderada da hidroxicloroquina com: digoxina (monitorar), ivabradina e propafenona, etexilato de dabigatrana (reduzir dose de 220 mg para 110 mg), edoxabana (reduzir dose de 60 mg para 30 mg). Há interação leve com verapamil (diminuir dose) e ranolazina.
  • Em crianças, dar sempres prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina.
  • Cloroquina deve ser usada com precaução em portadores de doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais.
  • Cloroquina deve ser evitada em associação com: clorpromazina, clindamicina, estreptomicina, gentamicina, heparina, indometacina, tiroxina, isoniazida e digitálicos.
  • Para pacientes adultos hospitalizados e com sinais de gravidade considerar anticoagulação e pulso de corticóide.
  • Para pacientes adultos com sinais e sintomas moderados, considerar anticoagulação profilática se a oximetria estiver abaixo de 95% ou na presença de qualquer sinal respiratório (tosse, dispnéia etc.) na ausência de oximetria.
  • Para pacientes hospitalizados, observar e iniciar tratamento precoce para pneumonia nosocomial, conforme protocolo da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares (CCIH) local.
  • Nos pacientes com deficiência ou presunção de deficiência de vitamina D, considerar a prescrição.
  • Investigar e tratar anemia.
Acompanhe tudo sobre:CloroquinaCoronavírusJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas