Brasil

Bolívia diz ser pressionada pelo Brasil

''O Estado boliviano não pode conceder um salvo-conduto e não pode aceitar um asilo político para uma pessoa que tem processos na justiça'', disse ministra

O senador boliviano opositor de Evo Morales, Roger Pinto: O senador está refugiado na embaixada brasileira desde 28 de maio (©AFP / Jorge Bernal)

O senador boliviano opositor de Evo Morales, Roger Pinto: O senador está refugiado na embaixada brasileira desde 28 de maio (©AFP / Jorge Bernal)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2012 às 18h01.

La Paz - A ministra de Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila, afirmou nesta quinta-feira que o governo de Evo Morales não pode dar um salvo-conduto ao senador opositor Roger Pinto, refugiado há 52 dias na embaixada do Brasil, por responder a diversos processos judiciais.

''A Constituição diz que o Estado boliviano não pode conceder um salvo-conduto e não pode aceitar um asilo político para uma pessoa que tem processos na justiça ordinária por causas que têm a ver com delitos comuns'', declarou Amanda aos meios de comunicação em La Paz.

Amanda reiterou que lamenta as supostas pressões do embaixador brasileiro em La Paz, Marcel Biato, e acusou o diplomata de assumir uma voz política para que Pinto consiga um salvo-conduto.

O senador, refugiado na embaixada brasileira desde 28 de maio, alega que é vítima de perseguição política por acusar o presidente Evo Morales de corrupção e conivência com o narcotráfico. O presidente continua sendo líder dos principais sindicatos bolivianos de produtores de coca, base para fabricar cocaína.

O Brasil concedeu asilo ao parlamentar, mas o Governo boliviano se nega a dar o salvo-conduto para que Pinto possa viajar ao país.

O embaixador brasileiro, segundo Amanda, está ''um pouco angustiado e pressionado pela situação que tem na embaixada''. Ela ainda sustentou que ''assim como abriu as portas (a Pinto), o país tem o dever moral e a obrigação de assumir as consequências disso''.


''Isso significa ter paciência e calma para que esta situação se resolva da melhor maneira possível, mas sobretudo em cumprimento às disposições legais e a Constituição'', disse a ministra boliviana.

Amanda acrescentou que o caso do senador não influenciou nas relações bilaterais entre os países, pois, segundo ela, ''não é um problema entre Bolívia e Brasil especificamente''.

Uma fonte da Chancelaria disse que Biato se reuniu com autoridades bolivianas para tratar do caso, mas não deu detalhes sobre quem o recebeu nem os resultados da reunião.

Desde que Morales chegou ao poder, em 2006, dezenas de dirigentes de oposição buscaram refúgio no Brasil, no Paraguai, nos Estados Unidos, no Peru e na Espanha, entre outros países, após acusar o Governo de perseguição política.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBolíviaDiplomacia

Mais de Brasil

STF forma maioria para permitir símbolos religiosos em prédios públicos

Governadores do Sul e do Sudeste criticam PEC da Segurança Pública proposta por governo Lula

Leilão de concessão da Nova Raposo recebe quatro propostas

Reeleito em BH, Fuad Noman está internado após sentir fortes dores nas pernas