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Black bloc de SP vai radicalizar na Copa

Grupo promete protestos nas ruas, ataques contra delegações de times estrangeiros e até guerrilha virtual durante os jogos


	Manifestantes do grupo Black Bloc atacam uma agência bancária durante protesto na Avenida Paulista, em São Paulo: grupo promete radicalizar na Copa
 (Victor Moriyama/Reuters)

Manifestantes do grupo Black Bloc atacam uma agência bancária durante protesto na Avenida Paulista, em São Paulo: grupo promete radicalizar na Copa (Victor Moriyama/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2014 às 09h38.

São Paulo  - Mesmo após o uso de um rojão causar a morte do cinegrafista Santiago Andrade em um protesto no Rio, os adeptos da tática black bloc, em São Paulo, prometem radicalizar durante as manifestações contra a Copa do Mundo.

Eles não descartam nem mesmo ataques contra delegações de times estrangeiros.

"Nossa tática nunca foi ferir civis, mas, se não formos ouvidos, a gente vai dar susto em gringo. Não queremos machucar, mas se for preciso ‘tacar’ (coquetel) molotov em ônibus de delegação ou em hotel em que as seleções vão ficar, a gente vai fazer", disse, em entrevista ao Estado, o estudante Pedro (nome fictício), adepto da tática em São Paulo.

Segundo ele, as ações são discutidas pelos black blocs, que estão organizados no que chamam de células - pequenos grupos de até 30 pessoas que participam dos protestos juntos. "A gente evita falar pelo Facebook.

Essas estratégias combinamos pessoalmente ou pelo Whatsapp. Para te dar essa entrevista, eu tive de consultar os outros adeptos", contou.

Em São Paulo, são pelo menos dez células. "No total, devem ser uns 300 participantes que são realmente ativos, mas, na Copa, tenho certeza de que o número será maior. Acho que vão ser mais de mil", afirma.

De acordo com o manifestante, o objetivo é mostrar para os estrangeiros que o País não tem segurança e fazê-los desistir de ficar no Brasil.

"Se uma seleção sentir que há risco de vida, eles vão querer continuar aqui? Não somos contra a Copa do Mundo nem contra o futebol. A nossa luta é por uma educação e uma saúde melhores", afirmou o jovem, morador de Itaquera, na zona leste.

Ele disse que a morte do cinegrafista da Band foi uma fatalidade e que os responsáveis pela ação não são black blocs.

Pedro revelou ainda que, embora os adeptos da tática não tenham reuniões periódicas nem uma liderança, eles estão se preparando juntos para os protestos contra a Copa, até mesmo com treinamento físico.

"Todo mundo deve se preparar porque a Polícia Militar vai vir em peso. A gente está se preparando com treinos de artes marciais como Krav Magá, Jiu-jítsu e Muay Thai", disse.

O próximo grande ato contra a Copa está programado para o sábado, dia 22, em várias cidades do País. Pelo Facebook, mais de 10 mil pessoas já confirmaram presença na manifestação da capital paulista.

Diversidade. Ao contrário das manifestações de junho, que tiveram como principal articulador o Movimento Passe Livre (MPL), os protestos contra a Copa não têm um único organizador e reúnem os mais diversos movimentos sociais, desde militantes da área da saúde até os chamados hackerativistas, como os integrantes do Anonymous.

Esses grupos formaram o coletivo Se Não Tiver Direitos Não Vai Ter Copa.

Para I.G., integrante do movimento Contra Copa 2014 que divulga os atos nas redes sociais, os atuais protestos agrupam muitos manifestantes de junho que se sentiram "abandonados" após o MPL conseguir a redução da tarifa de ônibus em várias cidades do País.

"Me senti órfão do MPL porque eles abandonaram as ruas. Foi assim que outros protestos horizontais foram aparecendo e começou a se criar grupos de afinidade.

Os protestos agora são horizontais, populares e sem interferência de partidos e sindicatos", disse.

Os manifestantes contra a Copa prometem atuar em várias frentes, até mesmo fora das ruas.

"O que posso dizer é que vamos apoiar os protestos de rua com ações virtuais que ainda não podem ser ditas", afirmou um integrante do Anonymous. A invasão de páginas oficiais está prevista. 

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