Brasil

Bendine tinha "conta de propina", afirma Lava Jato

Bendine foi preso na semana passada, na Operação Cobra, 42.ª fase da Lava Jato, suspeito de receber R$ 3 milhões da Odebrecht

Bendine: há indícios de pagamento de despesas de viagem de sua filha (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Bendine: há indícios de pagamento de despesas de viagem de sua filha (Marcos Oliveira/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de agosto de 2017 às 09h23.

São Paulo - A força-tarefa da Operação Lava Jato diz que "há fortes indicativos" de que o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás Aldemir Bendine tinha uma "conta-corrente de propina" com os operadores André Gustavo e Antônio Carlos Vieira da Silva, que são irmãos.

Uma parte do dinheiro, segundo o Ministério Público Federal, foi usado também para bancar hotéis para Bendine e a família. Bendine foi preso na semana passada, na Operação Cobra, 42.ª fase da Lava Jato. Ele é suspeito de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht.

A força-tarefa da Lava Jato encontrou no celular de Antônio Carlos registro do pagamento de despesas de hospedagem, em 11 de janeiro de 2016, em favor de Amanda Bendine, filha do ex-presidente da Petrobrás.

Os investigadores atribuem a André Gustavo e a Antônio Carlos, que são publicitários, o papel de "profissionais da lavagem de dinheiro".

Para o juiz federal Sérgio Moro, "o fato é mais um elemento de ligação entre Aldemir Bendine com os dois irmãos e, eventualmente, pode representar o dispêndio em favor dele de parte da propina por eles recebida do Grupo Odebrecht".

"A investigação se aprofundou ainda nos elementos indiciários de que Antônio Carlos arcaria com hospedagem em hotéis para Aldemir Bendine e familiares, a partir de anotação em seu celular, datada de 11 de janeiro de 2016 'Reserva Amanda Bendine 2 bangalôs 1 apto duplo Fecha a nota e nós resolvemos'", aponta a Lava Jato.

"A aludida anotação de Antônio Carlos ("Reserva Amanda Bendine 2 bangalôs 1 apto duplo Fecha a nota e nós resolvemos"), constitui indicativo de que, de algum modo, outras despesas de hotéis com bangalôs também foram suportadas pelos operadores financeiros. Há, portanto, fortes indicativos que Aldemir Bendine mantinha com André Gustavo e Antônio Carlos uma conta-corrente de propina, cujos valores iam sendo utilizados à medida da necessidade do então Presidente da Petrobrás e familiares", indica a investigação.

A Procuradoria da República informou a Moro que "em diligência efetuada junto a Circus Turismo, empresa não investigada e que voluntariamente colaborou com o fornecimento das provas, foi certificado que, de fato, Antônio Carlos utilizou recursos de origem criminosa para arcar com despesas de hotéis para a família Bendine em Nova Iorque, entre os dias 22 de dezembro de 2015 e 4 de janeiro de 2016".

"O pagamento teria ocorrido com pagamento à vista, em espécie, por parte de André Gustavo e para ocultar a origem e a natureza criminosa dos valores, não foram emitidas notas fiscais do serviço objeto da contratação em nome de Aldemir Bendine e familiares relacionados", destaca a Procuradoria.

"Na quebra telemática de Amanda Bendine, postulada em razão de tais fatos, foi identificada a reserva do referido hotel em Nova Iorque."

Procuradas, as defesas dos citados não responderam à reportagem para comentar o assunto até a conclusão desta edição.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoOperação Lava JatoPetrobras

Mais de Brasil

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos