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Bendine tentou aliviar Odebrecht no jurídico da Petrobras

A informação faz parte da denúncia da Procuradoria da República, no Paraná, contra o executivo e outros cinco investigados na Operação Lava Jato

Bendine: foi preso em 27 de julho na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato (foto/Agência Brasil)

Bendine: foi preso em 27 de julho na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato (foto/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de agosto de 2017 às 13h51.

São Paulo - O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine tentou interceder em favor da Odebrecht junto ao Departamento Jurídico da estatal petrolífera. O executivo pretendia que a empreiteira fosse desbloqueada de novas contratações da companhia. Bendine, no entanto, foi alertado pelo setor sobre "os riscos" do alívio à Odebrecht.

A informação faz parte da denúncia da Procuradoria da República, no Paraná, contra o executivo e outros cinco investigados na Operação Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro, embaraço à investigação e organização criminosa.

Bendine foi preso em 27 de julho na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato. Esta é a primeira denúncia com base na delação da Odebrecht. A acusação pegou o topo da Petrobras mesmo depois que a Lava Jato já estava nas ruas. A primeira fase da operação foi deflagrada em março de 2014.

Segundo o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, da força-tarefa da Lava Jato, Bendine se reuniu com o empresário Marcelo Odebrecht no dia 18 de maio de 2015, "ocasião em que ajustaram pagamento da propina". O procurador citou o operador de propinas André Gustavo Vieira da Silva.

"O e-mail é de 21 de maio de 2015, poucos dias após reunião na casa de André Gustavo entre Bendine e Marcelo Odebrecht. O e-mail revela que Bendine, em razão de todo o ajuste, fez um movimento arriscado porque o Departamento Jurídico o alertou sobre a ação cautelar. Com o avanço da Lava Jato demonstrou-se muito arriscada essa atuação de Bendine, motivo pelo qual ele recuou nesses atos de ofício. O Jurídico o alertou dos riscos que a operação trazia", disse Athayde.

Na denúncia, a Lava Jato afirma que o socorro à Odebrecht era "contrapartida" às negociações e promessa de pagamento da vantagem indevida a Bendine.

"Em razão da resposta do jurídico da Petrobras, com o apontamento de riscos para medidas que favorecessem a Odebrecht, Aldemir Bendine solicitou uma avaliação sobre a possibilidade de desbloqueio cautelar para contratação de todas as empresas implicadas nas investigações. Em retorno ao pedido, o jurídico da companhia, em 7 de julho de 2015, encaminhou a Aldemir Bendine apresentação de avaliação de integridade visando ao desbloqueio das empresas investigadas na Operação Lava Jato", aponta a denúncia.

"Por fim, em virtude do avançar da Operação Lava Jato e dos elevados riscos pessoais a que estava exposto acaso atendesse os interesses de Marcelo Odebrecht, o denunciado Aldemir Bendine recuou em seu propósito de favorecer a empreiteira."

O e-mail do Jurídico apontou na ocasião: "a Petrobras contratar diretamente o Estaleiro Paraguaçu traz, além do risco de imagem, a possibilidade de questionamentos pelos Órgãos de Controle, especialmente SEC e DoJ, sobre a sua real situação de vítima da Companhia em relação aos fatos desvendados na Operação Lava Jato e sobre seu engajamento no combate à corrupção em linha com a legislação."

"Essa situação fica mais agravada se a contratação for desacompanhada dos procedimentos de compliance adequados (avaliação de riscos, auditoria contábil, emissão de declarações, análise dos programas da Contratada para combate à corrupção, etc.)", escreveu o Jurídico da empresa.

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