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Bendine pede desculpas pelos “malfeitos” na Petrobras

Balanço auditado de 2014, divulgado hoje (22), mostrou que a estatal teve um prejuízo total de R$ 21,6 bilhões


	Aldemir Bendine, presidente da Petrobras: "Somando-me aos 86 mil empregados do sistema Petrobras, sim, a gente está com o sentimento até de vergonha disso que a gente vivenciou, desses malfeitos que ocorreram”
 (Nacho Doce/Files/Reuters)

Aldemir Bendine, presidente da Petrobras: "Somando-me aos 86 mil empregados do sistema Petrobras, sim, a gente está com o sentimento até de vergonha disso que a gente vivenciou, desses malfeitos que ocorreram” (Nacho Doce/Files/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2015 às 08h59.

Rio de Janeiro - O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, pediu desculpas, em nome dos empregados da estatal, pelas irregularidades ocorridas na companhia.

O balanço auditado de 2014, divulgado hoje (22), mostrou que a estatal teve um prejuízo total de R$ 21,6 bilhões, sendo R$ 6,2 bilhões com perdas referentes à corrupção. Bendine falou durante entrevista à imprensa na sede da empresa, no centro do Rio.

"Eu hoje represento a companhia. A Petrobras foi vítima de tudo isso pelo que ela passou. Somando-me aos 86 mil empregados do sistema Petrobras, sim, a gente está com o sentimento até de vergonha disso que a gente vivenciou, desses malfeitos que ocorreram”, disse.

Bendine destacou  que a sociedade deve continuar acreditando na Petrobras e pediu desculpas pelo o que aconteceu com a empresa. “Sim, eu faço um pedido de desculpa, em nome dos empregados da Petrobras, porque hoje eu sou um deles."

Ele falou também sobre a situação das centenas de empresas que fazem parte da cadeia produtiva encabeçada pela estatal, que gera renda e negócios dos quais dependem milhares de trabalhadores, muitos, segundo Bendine, desempregados ou sem receber salários, por conta dos impedimentos legais de repasse de dinheiro, principalmente a partir das grandes empreiteiras.

O presidente da Petrobras destacou que o plano de investimento da companhia ainda é robusto para 2015, com R$ 50 bilhões sob responsabilidade da holding e totalizando R$ 90 bilhões considerando todo o sistema.

"Primeiro eu gostaria de destacar que a Petrobras não tem hoje nenhum compromisso atrasado. O que nós estamos vivenciando é um momento econômico mais restritivo e está sendo amplificado pela situação dessa investigação. Lógico que o ideal para a companhia é que esses processos de investigação e julgamento aconteçam o mais rápido possível. Mas a gente se vê em uma situação que essas pequenas e médias empresas estão ligadas na cadeia produtiva a uma dessas empresas que também estão passando por dificuldade neste momento, dado o processo de investigação. E a Petrobras não pode avançar em relação a esse processo, enquanto essas investigações e acordos não estiverem definitivamente realizados", disse.

Bendine ressaltou que a estatal empreenderá todos os esforços para recuperar o dinheiro desviado pela corrupção, inclusive processando pessoas apontadas nas investigações.

"A empresa vai fazer todos os esforços para que ela possa reaver o maior valor possível diante desses feitos. É o que a gente vem buscando muito fortemente na colaboração com as autoridades. Nós vamos agir com o máximo rigor e buscar todos esses valores, seja das pessoas que praticaram esse processo, assim como possíveis desvios das empresas que fizeram parte dessa cartelização."

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, apresenta o balanço auditado de 2014Divulgação Agência Petrobras

Ele agradeceu a paciência de todos pelo atraso na publicação do balanço contábil e destacou dados que indicam a força da companhia, pedindo que a sociedade continue acreditando na estatal.

"Essa forma transparente com que as coisas estão sendo conduzidas é o mais importante para nós. Continuem acreditando fortemente na empresa. Ela já tomou todas as medidas necessárias. A Petrobras tem hoje o maior valor de retorno do mundo, em exploração e produção, com 28%. Um em cada três barris de óleo descobertos no mundo, nos últimos dez anos, foi da Petrobras. Temos a maior geração de valor sobre investimento da indústria do petróleo: para cada dólar gasto em exploração, adicionamos quatro dólares aos nossos ativos."

Ao fim da entrevista, o presidente da Petrobras disse que a empresa não vai ficar imobilizada e que a crise gerada pelas denúncias de corrupção agora pertence ao passado.

"Mesmo com todas as dificuldades que a empresa enfrentou, quero reforçar que ela não vai entrar em um sistema de paralisia. Ela tem uma capacidade de investimento muito alto e a gente sabe a importância disso para a economia brasileira e para toda a sociedade. Isso é uma página virada nesse capítulo triste que a empresa passou, mas agora a gente tem plena confiança de que nós vamos conduzir a empresa para uma nova fase e para aquilo que ela sempre foi, o orgulho da sociedade brasileira."

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