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Bem-vindos às Olimpíadas no Brasil. Não reparem a bagunça

Olimpíada serviria para o Brasil mostrar crescimento, mas virou cartão-postal da crise econômica, política e fiscal


	Olimpíada: crise econômica e atraso das obras podem ofuscar experiências dos turistas durante evento
 (Getty Images)

Olimpíada: crise econômica e atraso das obras podem ofuscar experiências dos turistas durante evento (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2016 às 12h25.

Quando o Rio de Janeiro ganhou o direito de sediar as Olimpíadas, em 2009, o Brasil planejou uma série de projetos para mostrar o quanto havia crescido.

Mas quando os turistas começarem a aparecer para assistir ao evento, dentro de dois meses, o Brasil não exibirá o que tem de melhor, e sim sua crise.

A baía cheia de esgoto pela qual os visitantes passarão ao sair do aeroporto -- lugar onde os eventos olímpicos de vela serão realizados -- deveria ser limpa e cintilante.

A nova linha de metrô que eles tomarão do bairro nobre de Ipanema até os jogos funcionará, na melhor das hipóteses, em um horário limitado, já que iniciará suas operações apenas quatro dias antes da cerimônia de abertura.

E quanto aos equipamentos de último modelo que a polícia receberia para ajudar a manter os viajantes seguros? Um alto funcionário da organização diz que eles nunca chegaram.

Bem-vindos ao Brasil, uma terra de crise política, econômica e fiscal.

“Quando você olha os documentos da proposta, de 2009, vê que a Olimpíada definitivamente foi projetada e vendida como uma forma de exibir o Brasil como uma democracia próspera e uma economia pujante”, disse Jules Boykoff, autor de um livro sobre a história das Olimpíadas que critica o legado dos grandes eventos esportivos. “Como sete anos podem fazer diferença”.

Para ser justo, a maior parte dos R$ 39 bilhões (US$ 11 bilhões) em arenas e infraestrutura que estão sendo construídas para as Olimpíadas estará pronta a tempo e, à parte algumas áreas degradadas e atrasos de transporte, é possível que a maioria dos turistas nem sinta falta de tudo o que deveria ter sido feito.

Mas as obras inacabadas são um indicativo de um problema muito maior que durará até muito depois de os visitantes tomarem seu voo de volta: o estado do Rio de Janeiro está praticamente quebrado.

Atualmente, o Brasil está preso em uma recessão devastadora e a sucessora de Lula, Dilma Rousseff, foi afastada da presidência e enfrenta um processo de impeachment sob a acusação de ter financiado déficits orçamentários ilegalmente.

O estado do Rio de Janeiro descumpriu pagamentos de dívidas no mês passado e está atrasando os salários dos servidores públicos depois que os preços do petróleo, fonte primária de recursos, vieram abaixo.

E pelo menos seis empresas contratadas para os projetos olímpicos e a infraestrutura relacionada ao evento foram incapacitadas pelas acusações de que pagaram propinas para ganhar lucrativos contratos de obras públicas.

Três dessas empresas -- as construtoras Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez -- eram as responsáveis por um projeto de dragagem de quatro lagoas poluídas e pelo plantio de 500.000 árvores de mangue na Barra da Tijuca, principal local de realização dos jogos.

Mas as obras não ficarão prontas porque o Ministério Público solicitou adiamentos e, posteriormente, o estado ficou sem recursos, segundo a secretaria estadual do Meio Ambiente.

Um assessor de imprensa do consórcio de construtoras confirmou que o ritmo do trabalho foi “reduzido” e preferiu não fazer mais comentários.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, todos os grandes investimentos em segurança para a Olimpíada foram realizados desde 2012 ou estão em seu estágio final e qualquer escassez de pessoal ou equipamentos durante os jogos será coberta pelas agências federais de segurança.

O secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, Leonardo Espíndola, disse ao Supremo Tribunal Federal em abril que o estado está à beira de um “colapso social”. O secretário estadual da Fazenda, Júlio Bueno, concorda.

No início de uma entrevista de uma hora, no mês passado, Bueno disse ter “o pior emprego do Rio de Janeiro”.

“Não conseguimos manter serviços essenciais, como policiamento e saúde”, disse ele. “É isso que define a saúde de uma sociedade”.

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