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Beltrame cobra investimentos privados nas comunidades pacificadas

Beltrame disse que a participação da sociedade é mais importante até que a pacificação

Beltrame inaugurou centros de cidadania e tecnologia em três comunidades pacificadas (Fernando Lemos/Veja Rio)

Beltrame inaugurou centros de cidadania e tecnologia em três comunidades pacificadas (Fernando Lemos/Veja Rio)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2010 às 14h55.

Rio de Janeiro – O secretário de Segurança do estado do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou hoje (18) que é fundamental o engajamento da sociedade civil, principalmente dos empresários, no projeto das unidades de Policía Pacificadora (UPPs). Beltrame inaugurou centros de cidadania e tecnologia da informação patrocinados pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) em três comunidades pacificadas.

“Eu acho [a participação das empresas] até mais importante [que a pacificação]. Pois o que nós estamos fazendo é criando a ambiência para isso chegar, o que antes não existia. A gente assiste aqui a ações fortes e bem elaboradas como as do Sistema Firjan e isso tem que ser um exemplo para a iniciativa privada. É hora de todos nos engajarmos. É hora de todos irmos em frente”, afirmou Beltrame.

O secretário inaugurou as unidades, batizadas de Indústria do Conhecimento, nas comunidades do Morro da Providência, do Morro do Andaraí e da Cidade de Deus. Beltrame fez um balanço positivo dos dois anos da política de UPPs no Rio, que atualmente conta com 13 comunidades pacificadas, de um total de 40 plajenadas.

“A gente começa agora, depois de dois anos, a ter a iniciativa privada apresentando estruturas concretas de atendimento a demandas sociais. Avançamos de maneira consistente no sentido de melhorar a vida de todos. Mas tem muita coisa para se fazer, não tem jogo ganho. Sabemos a dimensão do problema”, disse o secretário.

Cada núcleo conta com dez computadores e biblioteca com 1,5 mil volumes, em um investimento inicial médio de R$ 200 mil. Os recursos de manutenção também são bancados pela Firjan, por meio do Serviço Social da Indústria (Sesi), que paga o salário de um auxiliar de biblioteca e de um contador de histórias.

Segundo a superintendente regional do Sesi, Maria Lúcia Telles, com a retomada das comunidades, foi possível retomar os investimentos privados. “Com a pacificação, as possibilidades são enormes. Agora temos segurança para chegarmos juntos da comunidade”, disse Maria Lúcia. A Firjan já instalou 11 unidades de cidadania em UPPs.

Entre os beneficiados estão jovens que trocaram o crime pelo aprendizado e por uma perspectiva de futuro profissional, como X. Y. [iniciais fictícias], de 21 anos. No tráfico desde os 14 anos, com a chegada da UPP no Andaraí, ele decidiu deixar para trás a vida do crime e agora cursa eletromecânica no Senai.

“Eu decidi sair do crime por influência da minha mãe, da minha esposa e da filha que eu tenho. Sinto falta de algumas coisas, mas está mais tranquilo agora. O dinheiro era sujo, não era honesto”, contou o jovem, que atuava como segurança em um ponto de venda de drogas, armado com pistola e metralhadora. “Eu estou tendo uma vida mil vezes melhor agora. O tráfico não dá futuro. Quero acabar os meus estudos e trabalhar. Não quero voltar atrás”, disse o rapaz que, dos velhos tempos, ainda guarda o sentimento de perseguição. Enquanto fala com o repórter, olha constantemente para os lados, com medo de estar sendo observado por algum antigo companheiro.

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