Plataforma da Petrobras: Astra Oil comprou refinaria de Pasadena e em um mês já tinha feito sugestão de parceria (Acordo salgado)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2014 às 16h07.
São Paulo – A belga Astra Oil mal esperou um mês após comprar a refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos, para sugerir à Petrobras uma parceria no negócio que terminaria com a empresa brasileira pagando R$ 1,18 bilhão. Carta enviada à estatal pelo vice-presidente da Astra, Alberto Feilhaber, mostra a pressa dos belgas em propor a associação. O documento foi obtido pelo jornal O Globo.
A Astra Oil havia comprado Pasadena em janeiro de 2005, por R$ 42,5 milhões.
No dia 23 de fevereiro, o então diretor da Área Internacional da Petrobras, Nelson Cerveró, já tinha uma carta em mãos para dar início às conversas.
“Identificamos oportunidades de negócios que nossas companhias poderiam explorar e desenvolver em base conjunta”, escreve o vice-presidente da Astra, afirmando que a parceria poderia ajudar a empresa a cumprir seu plano estratégico, que incluía a internacionalização das atividades.
Segundo O Globo, Alberto Feilhaber trabalhou por mais de 10 anos na estatal entre os anos 80 e 90, e mantinha bom trânsito interno.
O negócio entre as duas empresas foi fechado definitivamente um ano depois da carta, após longa negociação. Por 50% da refinaria, a Petrobras pagou R$ 360 milhões em 2006.
Nelson Cerveró, que recebeu a carta de Feilhaber, foi a pessoa acusada pela presidente Dilma Rousseff de ter ocultado em seu resumo executivo as cláusulas contratuais que culminariam obrigando a estatal a adquirir 100% de Pasadena.
A presidente, que comandava na época o Conselho de Administração, disse que o parecer elaborado pela diretoria internacional era "técnica e juridicamente falho".
Até as justificativas apresentadas por Dilma, a Petrobras não admitia que Pasadena havia sido um mau negócio ou a possibilidade de qualquer irregularidade.
Hoje, a oposição protocolou o pedido de criação de uma CPI para investigar a compra da refinaria. A instalação desta, no entanto, têm de passar pelo presidente da Casa, Renan Calheiros, o que pode travar a criação da comissão. Se houver apoio suficiente de deputados na Câmara, porém, a CPI pode ser instalada de forma mista sem passar pelas mesas diretoras.