Brasil

Bebidas alcoólicas em estádios de SP? Alesp discute liberação em audiência pública

Assembleia discute projeto que pode liberar venda de bebidas alcoólicas nos estádios de SP após quase 30 anos de proibição. Setor diz que medida pode elevar em até 30% a receita dos clubes

Bebidas nos estádios: deputados estaduais discutem fim do veto (Mauro Horita/Getty Images)

Bebidas nos estádios: deputados estaduais discutem fim do veto (Mauro Horita/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 06h00.

A Comissão de Assuntos Desportivos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) realiza nesta segunda-feira, 29, uma audiência pública para debater o projeto de lei que revoga o veto à venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol do estado.

A proposta, em tramitação desde 2023, é de autoria dos deputados estaduais Delegado Olim (PP), Itamar Borges (MDB), Dani Alonso (PL) e Carlão Pignatari (PSDB).

O texto prevê a liberação do comércio de bebidas com graduação alcoólica de até 15% e já recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Casa.

A Federação Paulista de Futebol (FPF) também atua pela liberação. Anteriormente, Olim enviou uma carta à entidade com a assinatura dos presidentes dos clubes das três principais divisões do estado em apoio ao projeto.

Em São Paulo, a comercialização foi proibida há quase três décadas, de acordo com a Lei Estadual nº 9.470, de 1996 — criada um ano após uma briga entre torcedores de Palmeiras e São Paulo na final da Supercopa São Paulo de Juniores, no estádio do Pacaembu.

A restrição, no entanto, aplica-se apenas aos jogos de futebol. Já há alguns anos, esses eventos passaram a permitir a venda de cerveja sem álcool. A proibição não vale para shows realizados nas arenas esportivas nem para o Grande Prêmio de Fórmula 1 de São Paulo.

Mesmo com diversas tentativas ao longo dos anos, a proposta que chegou mais perto da aprovação ocorreu em julho de 2021, quando a Alesp aprovou um projeto de lei que liberava a venda de bebidas alcoólicas nos estádios. A medida, no entanto, foi vetada pelo então governador João Doria (PSDB).

Atualmente, a venda de bebidas alcoólicas é permitida nas áreas externas aos estádios, mas ainda enfrenta restrições dentro deles. Entre os 12 estados que sediam clubes da Série A, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Alagoas ainda proíbem a comercialização no interior das arenas.

Cada estado define suas próprias regras, e o veto estadual é considerado constitucional, já que o Estatuto do Torcedor não especifica quais bebidas estão proibidas, permitindo aos estados adaptar a legislação às suas realidades.

Camarotes oferecem bebidas até 2h antes dos jogos

Em espaços como os camarotes da Soccer Hospitality — empresa que administra áreas premium nos quatro principais estádios de São Paulo — o serviço de bebidas alcoólicas é permitido até duas horas antes do início das partidas e após o apito final.

"O futebol paulista tem que liberar bebida alcoólica nos estádios. Nos arredores das arenas, é possível encontrar diversos ambulantes vendendo os produtos sem repassar nada para os clubes. Com essa nova liberação na NFL, considero como um passo importante para o retorno das bebidas, importante aspecto para a rentabilização dos eventos esportivos”, comenta Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, empresa que comanda nove camarotes em estádios brasileiros e é responsável pelo Fielzone, maior espaço premium da Neo Química Arena.

Pessoas envolvidas no mercado do futebol defendem o fim do veto. Estimativas de empresas do setor apontam que a liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios paulistas pode representar um aumento de aproximadamente 30% no faturamento.

“Muito além da receita potencial com alimentos e bebidas nesse jogo específico, a ideia da liga de trazer o jogo para o Brasil vai muito além das 4 linhas. Existe uma preocupação em recriar da maneira mais fiel possível a experiência das arenas americanas, o entretenimento e sem dúvida às opções de bebidas alcoólicas”, diz Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

Renê Salviano, fundador e CEO da agência Heatmap, que já intermediou patrocínios em vários estádios como Allianz Parque e Mineirão, também vê a liberação com bons olhos.

"Já acontece essa liberação para shows em São Paulo. Entendo que chegou o momento de ocorrer uma mudança em vários estados do país que ainda mantém a regra de não liberar bebidas alcoólicas em jogos. Todos os grandes eventos de entretenimento são assim, e o jogo também é um entretenimento como o show. Ao mesmo tempo, entendo que a liberação deve vir obrigatoriamente acompanhada de campanhas de conscientização sobre o vício e consumo excessivo", afirma.

Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e proprietário de um camarote corporativo no Allianz Parque, defende a liberação, desde que aliada a ações de prevenção à violência.

“Trata-se de uma alternativa rentável e benéfica para todas as partes envolvidas. Mas é fundamental instruir o público com campanhas de conscientização, caso a liberação ocorra”, diz.

Acompanhe tudo sobre:bebidas-alcoolicasEstado de São PauloFutebol

Mais de Brasil

Tarcísio visita Bolsonaro em meio a especulações sobre candidatura em 2026

Intoxicação por metanol: número de mortes sobe para dois em SP; entenda os riscos da substância

Caças, fumaça e história: Domingo Aéreo tem estreia do caça Gripen e show da FAB nos céus de SP

Lula participa de corrida em celebração aos 95 anos do MEC