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BC vê risco de inflação em aumentos de salários

Banco Central teme que aquecimento no mercado de trabalho leve a alta nos salários que seja incompatível com a produtividade

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.

Brasília - O mercado de trabalho e a evolução dos salários ganharam importância no Relatório Trimestral de Inflação de setembro do Banco Central. No documento divulgado hoje, os diretores do BC afirmam que "um risco importante para a não concretização do cenário central (para a inflação) advém das condições do mercado de trabalho". Nesse ambiente, o BC destaca que o nível do emprego "tem crescido de forma vigorosa, gerando as mais baixas taxas de desemprego desde o início do cálculo da série" e que "o rendimento médio real, depois de oscilar ao longo de 2009, tem crescido desde o início do ano".

"O risco importante, nessas situações, é o de que o aquecimento no mercado de trabalho leve à concessão de aumentos nominais dos salários em níveis não compatíveis com o crescimento da produtividade, o que, em ambiente de demanda aquecida, tendem a ser repassados aos preços ao consumidor", alerta o documento do BC.

Diante do risco, os diretores do BC lembram que a teoria, "no que é respaldada pela experiência internacional", "determina que moderação salarial constitui elemento-chave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços".

Alimentos

O BC enxerga risco de alta na inflação no curto prazo por conta de um processo de reversão da queda nos preços dos alimentos. A autoridade monetária reiterou que em situações de choque, a política de juros deve atuar no sentido de evitar os chamados efeitos secundários desse tipo de situação, como uma elevação nas expectativas de inflação e um movimento de repasse de alta nos custos.

"Embora a materialização desse choque de alimentos possa impactar negativamente as expectativas dos formadores de preços, em princípio, não se deve superdimensionar esse risco, pois não se registrou movimento inverso quando do recuo dos preços dos alimentos - os movimentos das expectativas essencialmente refletiram ajustes decorrentes de erros de projeção", argumenta o BC. "É de se admitir que a materialização do choque no trimestre corrente provavelmente terá seu impacto sobre os preços ao consumidor concentrado no quarto trimestre deste ano", acrescenta o órgão.


Crédito

O BC também lançou um alerta sobre o comportamento do mercado de crédito e seus efeitos sobre a inflação, em especial sobre as operações de crédito consignado. "A moderação da expansão do mercado de crédito, de modo particular das operações direcionadas, constitui um elemento importante para que se concretize tempestivamente um cenário inflacionário benigno", cita o Relatório Trimestral de Inflação de setembro.

Os diretores do BC ressaltam que "a dinâmica do mercado de crédito também merece atenção, tanto pelos potenciais impactos sobre a demanda agregada e, por conseguinte, sobre a inflação, quanto pelos riscos macroprudenciais que pode originar".

Atacado

O BC fez outro alerta no relatório sobre a possibilidade de repasse dos aumentos de preços no atacado para o consumidor. "Outro fator de risco a ser monitorado pelo comitê reside no comportamento dos preços no atacado que, no passado recente, têm acumulado aumentos significativos, bem como potenciais repercussões sobre os preços ao consumidor", cita o documento.

Para os diretores do BC, "os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre a inflação para os consumidores dependerão, entre outros fatores, das condições atuais e prospectivas da demanda, da exposição de cada setor à competição externa e interna, e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da inflação".

Rádio EXAME: BC precisará de sorte no câmbio para segurar a inflação

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