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BB faz de site a gestão de projetos para o governo

Sem cobrar nada por isso, o Banco do Brasil desenvolveu a plataforma pela qual clientes e empresas tentam resolver conflitos de consumo


	BB: o banco acompanha programas de construção e reforma de 270 aeroportos regionais
 (Adriano Machado/Bloomberg)

BB: o banco acompanha programas de construção e reforma de 270 aeroportos regionais (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2014 às 08h49.

Brasília - Os serviços do Banco do Brasil se transformaram em solução barata para auxiliar o governo de Dilma Rousseff a socorrer alguns programas considerados vitrines da gestão petista.

No papel de banco público, o banco sempre atuou como braço do governo na operação da política econômica. Sob a gestão do presidente Aldemir Bendine, seguiu à risca a cartilha do crédito farto e da redução de juros para forçar os concorrentes privados a fazer o mesmo.

O leque de atribuições do maior banco do País ficou ainda mais amplo na gestão Dilma. O banco virou administrador de programas em áreas fora do crédito e dos serviços bancários.

A instituição passou a desenvolver soluções tecnológicas para garantir algumas bandeiras da presidente, como a defesa dos direitos dos consumidores e a previdência privada do funcionalismo público.

Criação de site

O Banco do Brasil foi responsável por desenvolver a plataforma pela qual clientes e empresas tentam resolver conflitos de consumo.

Pelo convênio com a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça, o BB não cobrou nada para criar o site, uma espécie de "Reclame Aqui".

A plataforma tecnológica de informação, interação e compartilhamento de dados é monitorada pelos Procons e pela Senacon.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que dez funcionários do BB trabalharam na plataforma por quatro meses, embora essa não fosse sua única atividade no período. Todos os principais concorrentes do BB, tanto públicos como privados, passaram a usar o site.

A participação das empresas no consumidor.gov.br, lançado no fim de junho, é voluntária. Mas elas devem se comprometer a investir "todos os esforços disponíveis" para solucionar os problemas dos consumidores.

Fundo

A Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp) não precisou criar uma empresa para processamento dos dados de seus participantes. O fundo usa a estrutura tecnológica e os funcionários da BB Previdência, empresa concorrente da Funpresp.

Por esse serviço, o Banco do Brasil recebeu R$ 650 mil até setembro deste ano, além de uma comissão pelo uso da infraestrutura. A Funpresp deve virar uma gigantesca estatal. Hoje, porém, tem patrimônio de R$ 93,5 milhões, volume bem inferior aos R$ 2,4 bilhões da BB Previdência.

O Banco do Brasil também passou a ser responsável pela gestão financeira e acompanhamento dos programas de construção e reforma de 270 aeroportos regionais, de 90 grandes armazéns para a guarda de produtos agrícolas e 26 casas de apoio a mulheres vítimas de violência.

Somando esses três contratos, o banco receberá R$ 276,6 milhões como remuneração. As tarifas são calculadas com base no valor integral dos custos, acrescido de margem de ganho de 6,4%, informa o BB.

Como parte de sua atribuição, virou gestor dos recursos bilionários das obras e responsável por realizar as licitações.

'Diversificação'

Em defesa da ampliação de suas atividades, o banco argumenta que tem oportunidade de conhecer outras áreas, como infraestrutura, além de conquistar novos clientes.

"A diversificação das atividades bancárias está na ordem do dia, para qualquer grande banco, em qualquer país. A ampliação do escopo possibilita o aproveitamento de novas oportunidades negociais e a consequente geração de novas receitas", informou o BB, via assessoria de imprensa.

No caso do site da Senacon, o banco alega que a solução ajudou a promover conciliação com os clientes para evitar conflitos na Justiça - por ter uma rede maior, BB acredita estar mais exposto às ações dos Procons.

Sobre o uso do sistema da BB Previdência pela concorrente Funpresp, o banco diz que, ainda que "não sejam relevantes", os valores recebidos são compatíveis com o porte e o perfil do fundo.

No futuro, afirma, quando a Funpresp for uma das gigantes do setor, haverá diluição dos custos para o Banco do Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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