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Bastidores: debate em São Paulo veta jornalistas e tem gritaria e ameaças

Tumultos e troca de ofensas, tanto nos bastidores quanto durante o evento, marcam quarto debate na corrida eleitoral de São Paulo

 (My News/Gazeta/Reprodução)

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Publicado em 1 de setembro de 2024 às 22h18.

Última atualização em 2 de setembro de 2024 às 00h39.

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O quarto debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo foi marcado por tumultos, gritaria e troca de ofensas, tanto nos bastidores quanto durante o evento, além do veto à presença de jornalistas no estúdio. O evento organizado pela TV Gazeta e o portal My News será lembrado pelo baixo nível -- até para os padrões de debates recentes --, pela confusão e os ataques. As propostas dos candidatos para São Paulo ficaram em segundo plano.

"Se você achou que aqui fora está ruim, deveria ver como foi lá dentro", disse à EXAME uma fonte que estava no estúdio durante o debate.

Os candidatos começaram a chegar aos estúdios da Gazeta, na Avenida Paulista, por volta das 17h.

José Luiz Datena (PSDB) foi o primeiro a chegar, seguido de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol). Tabata Amaral (PSB) chegou perto do horário do evento, mas parou para falar com a imprensa. Todos prometeram apresentar propostas, o que acabou não ocorrendo. Pablo Marçal (PRTB), que veio de Goiânia após participar de um show do cantor sertanejo Gustavo Lima, entrou diretamente no estúdio.

Embora a imprensa tivesse sido informada durante o credenciamento de que poderia acessar o estúdio, os jornalistas foram barrados de entrar pela organização do debate.

Segundo os assessores dos candidatos, as regras estabelecidas anteriormente definiam que não haveria plateia no estúdio, o que incluía jornalistas e fotógrafos. Isso limitou o trabalho da imprensa, que teve que acompanhar o debate por uma transmissão em uma sala da emissora.

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, as campanhas de Guilherme Boulos e do atual prefeito Ricardo Nunes, que só confirmaram presença no debate na última quarta-feira, 28, ameaçaram horas antes de não participar do debate caso as regras não fossem cumpridas.

Tensão nos intervalos

Do lado de fora do estúdio, cada campanha tinha uma sala reservada. Logo no início, membros da equipe de Boulos que não entraram no estúdio se dirigiram até a porta do auditório para reclamar com a organização que Marçal havia entrado com mais pessoas do que o permitido -- cinco ao invés de duas, segundo eles.

Após insistência, uma verificação confirmou que apenas duas pessoas acompanhavam o influenciador.

A tensão no estúdio com troca de acusações e xingamento se refletiu do lado de fora a cada intervalo entre os cinco blocos do programa, com os jornalistas correndo para a porta do estúdio a cada movimentação atípica.

Uma ida de Marçal ao banheiro gerou correria, no mesmo momento em que Boulos reclamava da falta de direito de resposta após ser chamado de "invasor" pelos adversários.

O direito de resposta foi um ponto central neste debate. Segundo levantamento da EXAME, foram mais de 15 pedidos.

Termos como "Pablito", "bandidinho", "ladrão de criancinha", "bananinha", "Boules", "fujão", "ladrão de velhinhos" e "tchuchuca do PCC" foram alguns dos xingamentos trocados entre os candidatos.

Assessores que estavam fora do estúdio reclamavam que os pedidos de direito de resposta eram aceitos "no grito" pela organização, após insistência dos candidatos.

Datena confronta Marçal e o clima fica tenso até o fim

Em um dos momentos mais tensos do debate, no terceiro bloco, Marçal provocou Datena, que deixou o púlpito e foi na direção do influenciador.

Uma das regras do evento proibia os candidatos de deixarem suas posições, prevendo até a expulsão em caso de descumprimento. Seguranças da Gazeta foram chamados, mas não subiram ao palco, e Datena retornou ao seu lugar após ser advertido.

Com a confusão, o direito de resposta concedido a Marçal naquele momento foi retirado, pois a direção do programa entendeu que ele havia incitado Datena.

Isso causou revolta na campanha de Marçal, que questionou a organização sobre a segurança do candidato, alegando que sua integridade física havia sido comprometida.

"Queria ver se fosse o Marçal indo na direção de alguém, o que iria acontecer", questionou um membro da campanha. O ex-coach anda com seguranças, que não foram autorizados a entrar no estúdio.

Após a confusão e a bronca da apresentadora Denise Campos de Toledo, o quarto e quinto blocos ocorreram sem grandes incidentes.

No entanto, do lado de fora, a tensão entre Datena e Marçal foi replicada por seus assessores, que quase chegaram às vias de fato após uma troca de xingamentos durante a coletiva dos candidatos. A organização precisou intervir para separar os envolvidos.

Na coletiva após o debate, Nunes deu um pronunciamento curto, valorizou as entregas da sua gestão e disse que precisava ir embora pois estava “cansado”.

Boulos, que falava no meio da confusão entre partidários de Datena e Marçal, valorizou as suas propostas, o nome de Marta e comemorou a vitória do Corinthians no campeonato Brasileiro.

Marçal, por sua vez, prometeu que vai internacionalizar a sua campanha, sem dar muitos detalhes do que isso vai significar. O influenciador valorizou ainda o apoio do cantor sertanejo Gustavo Lima, que não é morador de São Paulo.

Tabata lamentou o nível do debate, mas disse que vai em todos os eventos previamente marcados e reforçou que vai seguir com os ataques a Marçal, mas sempre apresentando proposta para a cidade. Datena atacou Marçal mais uma vez e reforçou o seu discurso contra o crime organizado e pela segurança pública.

O resumo e o sentimento de todos os assessores que conversaram com a EXAME é que sobrou confusão no debate.

E nesse embate de quem grita ou xinga mais, quem perde mesmo é o eleitor.

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