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Base aliada defende permanência de Temer na presidência

Desde ontem, a oposição vem pedindo a saída do presidente. Temer fez um pronunciamento no qual disse que não vai renunciar

Michel Temer: "Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Michel Temer: "Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo" (Ueslei Marcelino/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 18 de maio de 2017 às 20h55.

A denúncia de que o presidente Michel Temer teria atuado para garantir o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) repercutiu entre parlamentares da Câmara e do Senado.

Desde ontem, a oposição vem pedindo a saída do presidente, mas integrantes da base aliada defendem a permanência de Temer no cargo.

Na tarde desta quinta-feira (18), Temer fez um pronunciamento no qual disse que não vai renunciar, pediu celeridade nas investigações e disse que vai provar que não feriu o decoro.

"Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos e exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo", disse Temer, em pronunciamento.

Logo após o pronunciamento, a bancada do PMDB, partido de Temer, na Câmara divulgou uma nota na qual disse confiar na palavra do presidente da República.

"No seu pronunciamento o presidente defendeu a celeridade das investigações comandadas pelo STF [Supremo Tribunal Federal] e deixou claro que irá responder a todos os questionamentos", diz a nota assinada pelo líder Baleia Rossi (SP).

A direção do PR, também divulgou nota se solidarizando com Temer. O partido disse que continua na base governista e que qualquer tomada de posição será precedida de reunião de colegiado competente.

"Reiteramos a condição de partido da base governista no Congresso Nacional, na oportunidade em que renovamos a confiança no trabalho do presidente Michel Temer", diz a nota.

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse em nota que o partido defende um rápido esclarecimento dos fatos por parte da Justiça para que o país volte à normalidade e recupere sua estabilidade política e econômica.

"O PP reafirma o seu compromisso com o Brasil e acredita que as políticas adotadas pelo atual governo do presidente Michel Temer são necessárias para a retomada e consolidação do crescimento do nosso país", diz a nota.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), alçado à condição de presidente interino do PSDB após o afastamento de Aécio Neves (MG), disse que o partido vai manter "sua responsabilidade com o país".

"O PSDB pediu aos seus quatro ministros que permaneçam em seus respectivos cargos, enquanto o partido, assim como o Brasil, aguarda a divulgação do conteúdo das gravações dos executivos da JBS", disse.

Críticas

Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) defendeu a renúncia de Temer e disse que ao insistir em permanecer no cargo, o presidente fez a "a pior das opções para ele e para o país" e que permaneceu no cargo para preservar sua imunidade institucional.

"O gesto de grandeza que lhe resta - e pelo qual clama a sociedade brasileira - é o da renúncia para que o país possa recompor, em outras bases, o seu ambiente político", disse o senador.

A mesma avaliação foi feita pelo líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jordy (PA).

"Faltou grandeza ao presidente Michel Temer de renunciar e refazer o pacto na condução da crise econômica", disse Jordy.

O líder do PT na Câmara, Carlos Zaratini (SP), disse que as denúncias mostram que Temer agiu para obstruir a Justiça "com o objetivo de afastar qualquer investigação e de eliminar a sua ligação com Eduardo Cunha" e que "se nega a colocar o seu cargo à disposição da nação".

O líder do PSOL, Glauber Braga (RJ) disse que, após as denúncias, a permanência de Temer na presidência ficou insustentável.

Abertura de inquérito

Nesta quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquérito para investigar o presidente Michel Temer. A medida foi tomada a partir de depoimentos de delação premiada dos empresários Joesley Batista e Wesley Batista, donos do grupo JBS.

Segundo reportagem do jornal O Globo, que antecipou o conteúdo dos depoimentos, em encontro gravado em áudio por Joesley, Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro para que estes ficassem em silêncio.

Após a denúncia, parlamentares da oposição protocolaram pedidos de impeachment de Temer.

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