Barroso anunciou nesta quinta-feira, 9, sua aposentadoria antecipada (Gustavo Moreno/STF/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 19h04.
Última atualização em 9 de outubro de 2025 às 19h54.
O ministro Luís Roberto Barroso afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi avisado, há dois anos, sobre a possibilidade de ele deixar o Supremo Tribunal Federal (STF) de forma antecipada. O magistrado anunciou nesta quarta-feira que deixará a Corte antes do prazo legal, encerrando uma trajetória de mais de 12 anos no tribunal.
Em entrevista após a sessão na qual comunicou a saída, Barroso disse que se encontrou com Lula no sábado, durante o show da cantora Maria Bethânia, em São Paulo, quando pediu para conversar com o presidente. A reunião estava marcada para ontem, véspera do anúncio, mas acabou não ocorrendo por "questões políticas", disse o ministro, em referência à votação no Câmara em que o governo saiu derrotado.
"Eu ia fazer um retiro [espiritual] e anunciar na volta. Mas a especulação começou a ficar muito grande, então eu decidi anunciar", disse Barroso.
A decisão pela aposentadoria antecipada, que vinha sendo amadurecida desde sua saída da presidência do tribunal, já movimenta os bastidores do governo e do Judiciário. Barroso fez um discurso emocionado e foi aplaudido de pé pelos outros ministros ao final.
"É hora de seguir novos rumos. Não tenho apego ao poder e gostaria de viver a vida que me resta sem as responsabilidades do cargo. Os sacrifícios e os ônus da nossa profissão acabam se transferindo aos familiares e às pessoas queridas", afirmou Barroso. "Foi uma decisão longamente amadurecida que nada tem a ver com fatos da conjuntura atual. Há dois anos, comuniquei o presidente da República [Lula] sobre essa possível intenção. Essa é a última sessão plenária de que participo."
A aposentadoria de Barroso estava prevista inicialmente para 2033 — quando completaria 75 anos. O ministro afirmou que fará um “retiro espiritual” ainda este mês para definir os detalhes da saída, mas já havia comunicado sua intenção de deixar o cargo ao presidente Edson Fachin e a ministros do STJ.