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Barbosa e Lewandowski divergem e têm novo embate

Lewandowski disse ser natural ter divergências com o relator, que replicou: "Divergências filosóficas são normais, factuais não"

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa (José Cruz/Agência Brasil)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa (José Cruz/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2012 às 19h31.

Brasília - O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, teve novo embate com o revisor, ministro Ricardo Lewandowski, chegando a acusá-lo de "contornar" os autos em seus votos. Lewandowski reclamou da postura do colega e disse que ele desejava acabar com sua função de revisor. O ministro Marco Aurélio Mello também fez críticas a Barbosa.

O novo bate-boca começou com a sinalização do revisor de que vai absolver Emerson Palmieri, ex-secretário do PTB. Lewandowski citou haver vários depoimentos dizendo que não cabia a este réu a manipulação e captação de recursos. Barbosa o interrompeu, destacando que Marcos Valério e Simone Vasconcelos disseram ter entregue recursos a Palmieri e que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares confirmou a autenticidade de uma lista de repasses em que aparece o nome do ex-secretário do PTB.

Lewandowski disse ser natural ter divergências com o relator, que replicou: "Divergências filosóficas são normais, factuais não", disse Barbosa. Lewandowski se irritou: "Então Vossa Excelência deveria propor que se abolisse a figura do revisor se quer que eu coincida com todos os pontos de vista". Barbosa afirmou estar apenas "lembrando" o colega sobre aqueles fatos, ao que o revisor rebateu dizendo que conhecia os autos. Mas Barbosa foi além e afirmou não ser possível fazer "vistas grossas" aos fatos. Marco Aurélio o repreendeu: "Ninguém faz vista grossa aqui. Tem de aceitar as manifestações dos colegas". O relator alegou fazer apenas "observação pontual".


O presidente da corte, Carlos Ayres Britto, interrompeu para dizer que Lewandowski não estava negando o fato apontado. Barbosa, então, acusou: "Ele está contornando". Marco Aurélio novamente protestou: "Cuidado com as palavras. Vamos respeitar os colegas". Barbosa disse não gostar de cortesia e afirmou que não fazia qualquer ofensa. "Se o revisor faz colocações que vão inteiramente de encontro ao que o relator disse, não tem o relator o direito de chamar a atenção? Foi o que fiz", disse Barbosa.

Lewandowski afirmou que é normal ter visões diferentes e citou que jornalistas escrevem textos diferentes sobre o mesmo tema, ao que o relator novamente criticou o colega: "Não ligo para o que diz jornalista", disse Barbosa, novamente cobrando o revisor da necessidade de distribuir o voto. Lewandowski se irritou: "Não lhe cabe me dizer o que fazer. Vossa excelência já proferiu seu voto". Barbosa retrucou: "Então faça corretamente". Marco Aurélio novamente censurou o relator: "Policie sua linguagem".

O revisor disse que tem procurado "divergir com a maior cortesia" e destacou haver mais convergências do que diferenças com Barbosa. O relator novamente retrucou: "Só fiz uma observação". Lewandowski retrucou. "Vossa excelência diz que estou fazendo leitura equivocada, induzindo os colegas a erro? Diga explicitamente". Barbosa acusou o colega de alongar o seu voto para ficar "do mesmo tamanho" do já proferido por ele. Lewandowski se disse "estupefato" com a afirmação. Britto interferiu novamente e pediu ao revisor que continue com seu voto, encerrando mais este embate.

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