Rubens Sardenberg: "O anúncio de corte de gastos públicos será fundamental para definir eventuais medidas adicionais de combate à inflação" (Divulgação/Febraban)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2011 às 14h28.
São Paulo - Uma pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que, por enquanto, as medidas anunciadas em dezembro pelo Banco Central e o início do aperto monetário não esfriaram as projeções para o crescimento do crédito em 2011.
Em novembro, os banqueiros apostavam em uma expansão de 18,5% nas operações de crédito da carteira total, que inclui todas as modalidades. No levantamento feito em dezembro, esse índice caiu para 17,8% e, agora, subiu para 18,0%.
“Os números de expectativa de crédito continuam extremamente positivos. As previsões dos bancos para os recursos livres (17,3%), por exemplo, estão mais otimistas do que as anunciadas pelo Banco Central (12%)”, diz o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg. Em 2010, o crescimento das operações de crédito com recursos livres foi de 17,1%.
A pesquisa da Febraban mostra que as menores expansões acontecerão nas modalidades de crédito voltadas para as pessoas físicas e para a aquisição de veículos. O ponto positivo é a expectativa de queda da inadimplência. "Os próprios balanços dos bancos mostram isso", salienta Sardenberg. O cenário para as empresas também é promissor.
Veja a evolução das previsões dos bancos para 2011 nas três últimas pesquisas:
Previsão crédito 2011 | Pesquisa de novembro | Pesquisa de dezembro | Pesquisa atual (fevereiro) |
---|---|---|---|
Carteira Total | 18,5% | 17,8% | 18,0% |
Direcionado | 19,9% | 18,7% | 19,1% |
Livres | 18,1% | 17,1% | 17,3% |
Pessoas Físicas (total) | 17,6% | 16,7% | 17,0% |
Crédito Pessoal (inclui consignado) | 19,4% | 19,6% | 18,3% |
Aquisição de veículos (inclui leasing) | 17,5% | 16,9% | 17,0% |
Pessoas Jurídicas (total) | 18,8% | 17,6% | 17,9% |
Inadimplência (acima de 90 dias) | 4,6% | 4,6% | 4,5% |
O levantamento constata ainda que 50% dos bancos afirmam que a alta dos juros e os recentes dados de crédito não são suficientes para ancorar as expectativas inflacionárias, que dependem da revelação do plano fiscal do governo. "Há uma expectativa muito grande em relação ao anúncio do corte de gastos, que será fundamental para definir eventuais medidas adicionais de combate à inflação", afirma Sardenberg. Outros 36% consideram que, mais importante do que analisar os gastos públicos, é acompanhar a trajetória dos preços das commodities.
A pesquisa da Febraban, feita com as 33 maiores instituições financeiras no Brasil, mostra que o mercado aposta em aumento de 0,50 ponto percentual dos juros básicos nas duas próximas reuniões do Copom, em março e abril, permanecendo a Selic no patamar de 12,25% ao longo do ano.
Rubens Sardenberg cita ainda que 61% dos entrevistados acreditam que o cenário internacional será pior para a inflação no Brasil por causa da pressão dos preços das commodities.
Veja as projeções atualizadas dos bancos para 2011 e 2012:
Indicadores/Brasil | 2011 | 2012 |
---|---|---|
PIB Total | 4,6% | 4,5% |
PIB Agropecuário | 4,4% | 4,5% |
PIB Industrial | 4,8% | 4,7% |
PIB Serviços | 4,4% | 4,4% |
Produção Industrial | 5,1% | 4,8% |
IPCA | 5,5% | 4,6% |
IGP-M | 5,5% | 4,8% |
Meta Taxa Selic - fim de período | 12,25% | 11% |
Câmbio - fim de período (R$/US$) | 1,75 | 1,80 |
Balança comercial (US$ bilhões) | 9,3 | 5,3 |
Transações correntes (US$ bi) | -67,9 | -70,8 |
Investimento Estrangeiro Direto (US$ bi) | 40,1 | 42,4 |
Reservas Internacionais (US$ bi) | 308,5 | 320,1 |
Risco Brasil - EMBI (pontos) | 181,3 | 163,9 |
Resultado Primário (% do PIB) | 2,8 | 2,8 |
Dívida Líquida do setor público (% do PIB) | 39,3 | 37,8 |