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Bancos de tumores abrem nova frente no estudo do câncer

“A oncologia e outras áreas da medicina dependem da compreensão dos mecanismos celulares associados à formação da doença


	No mais antigo banco de tumores do Brasil, no Hospital A.C. Camargo, amostras de cerca de 16 mil doadores serviram como base para estudos sobre câncer de mama, tireoide, pulmão, entre outros
 (National Cancer Institute)

No mais antigo banco de tumores do Brasil, no Hospital A.C. Camargo, amostras de cerca de 16 mil doadores serviram como base para estudos sobre câncer de mama, tireoide, pulmão, entre outros (National Cancer Institute)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2012 às 15h40.

São Paulo - O fragmento de um tumor retirado de um paciente com câncer, que seria descartado logo após a biópsia, pode se tornar material valioso para pesquisas de ponta, caso armazenado adequadamente em um banco de tumores. No país, 24 estruturas como essa têm possibilitado a busca por novas formas de combater o câncer. Só neste ano, três importantes instituições de São Paulo devem inaugurar seus biobancos.

Uma delas é o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), já com estrutura para receber amostras, que deve entrar em funcionamento nos próximos meses. Para o oncologista Paulo Hoff, diretor clínico do Icesp, os bancos de tumores são de fundamental importância. “A oncologia e outras áreas da medicina dependem da compreensão dos mecanismos celulares associados à formação da doença. Não teremos avanços na oncologia sem a disponibilidade de material biológico.”

No mais antigo banco de tumores do Brasil, no Hospital A.C. Camargo, amostras de cerca de 16 mil doadores serviram como base para estudos sobre câncer de mama, tireoide, pulmão, etc. “As perguntas feitas pelas pesquisas podem ser várias. A utilidade do banco é ter o material biológico guardado da melhor forma para ajudar a responder a essas questões”, diz o patologista Antônio Hugo Fróes, do A.C. Camargo.

Um dos principais objetivos do uso dessa estrutura é a personalização do tratamento. O instrumento permite buscar grupos de pacientes com o mesmo câncer que respondam de maneira semelhante a determinada terapêutica. Ao observar o DNA desses pacientes, é possível identificar mutações genéticas.

“Sabemos que o câncer não é uma única doença. É um conjunto de centenas de doenças muito parecidas, mas que podem ter causas diferentes. Para identificar isso, analisamos milhares de casos que formam padrões e indicam a existência de subgrupos”, explica Hoff. Essas mutações específicas, no futuro, podem ser usadas como base para selecionar novos alvos de tratamento e escolher a estratégia mais adequada para cada caso.

Outro hospital que tem investido em um biobanco é o Sírio-Libanês. As primeiras amostras começaram a ser armazenadas em julho, em fase de testes. Lá, o banco faz parte de um projeto mais amplo de oncologia molecular, em parceria com o Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer.


“Aprendemos muito sobre o processo de oncogênese em estudos com modelos animais. Com o banco, dá para validar esses achados em amostras de pacientes”, diz o diretor de Pesquisa do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa, Luiz Fernando Lima Reis. Ele observa que o grande valor dos bancos são os dados do paciente associados às amostras. Essas informações vão desde idade a sexo, passando pelo histórico clínico e hábitos como tabagismo e alimentação.

No Hospital Israelita Albert Einstein, uma parceria com o Centro de Câncer MD Anderson tem orientado o desenvolvimento de um biobanco, que deve entrar em atividade experimental neste ano. Segundo o médico Nelson Hamerschlak, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, o foco inicial serão os cânceres que atingem o sangue - como leucemia e linfoma -, além dos tumores de mama e próstata. Ainda neste ano, a meta é expandir a ação para os cânceres gastrointestinais, do tórax e do sistema nervoso central.

Para Hamerschlak, é importante que os bancos “conversem”. “Não adianta cada um ter seu banco guardado. O mais importante na ciência é a colaboração. Essa sempre foi a ideia da nossa instituição: procurar os outros bancos para ter o máximo de cooperação possível.”

Desde 2005, o Brasil conta com uma rede que integra os 24 bancos em funcionamento, liderada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Além disso, segundo a coordenadora do Banco Nacional de Tumores (BNT) do Inca, a patologista Leila Chimelli, a instituição também contribui com o treinamento de profissionais e com auxílio financeiro a instituições que tenham a intenção de iniciar um biobanco. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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