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Bancada tucana agora quer a cassação de Eduardo Cunha

A única chance de os tucanos mudarem de opinião é se ele decidir abrir um processo de impeachment da presidente da Dilma Rousseff


	Eduardo Cunha: a única chance dos tucanos mudarem de opinião é se ele decidir abrir um processo de impeachment contra Dilma
 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Eduardo Cunha: a única chance dos tucanos mudarem de opinião é se ele decidir abrir um processo de impeachment contra Dilma (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2015 às 09h53.

Brasília - Após uma reunião a portas fechadas que durou mais de três horas, a bancada do PSDB decidiu nesta terça-feira, 10, que vai defender a cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A medida foi tomada porque os tucanos consideraram "fantasiosa" e "pífia" a defesa apresentada por ele até agora.

A decisão da bancada será levada à Executiva Nacional do PSDB, que deve formalizar o rompimento com Cunha. A única chance de os tucanos mudarem de opinião é se ele decidir abrir um processo de impeachment da presidente da Dilma Rousseff.

Ele se comprometeu a tomar uma posição final sobre o assunto após o dia 24 de novembro.

A data coincide com a votação do caso de Cunha pelo Conselho de Ética. Já a reunião da executiva do PSDB está marcada para o dia 26.

Segundo apurou o jornal Estado de S. Paulo, o peemedebista pediu à cúpula tucana para trocar seus integrantes do conselho: Betinho Gomes (PSDB-PE) e Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) já adiantaram que vão votar a favor da cassação.

Questionado pela reportagem, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), garantiu a permanência dos dois e negou que Cunha tenha feito um pedido direto a ele.

"Não existe negociação política no Conselho de Ética. Os deputados foram eleitos e lá ficarão. Só podem sair se renunciarem", disse. As votações no Conselho de Ética e no plenário são abertas.

O líder tucano reuniu-se com Cunha ontem no começo da tarde. Participaram do encontro os deputados Bruno Araújo (PSDB-PE), Mendonça Filho (DEM-PE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Como sempre, nós cobramos uma posição dele sobre o impeachment. Eduardo nos disse apenas que vai decidir, mas não adiantou se será a favor", disse Maia.

Mudança

Até então, o PSDB tinha uma posição crítica, mas não enfática contra Cunha. Apesar de ser investigado como beneficiário do esquema de corrupção na Petrobras, o presidente da Câmara sempre foi tido como estratégico para a abertura de um processo de impedimento da presidente.

"Hoje seria melhor que tanto Dilma quanto Cunha renunciassem", disse Sampaio.

Para o líder do PSDB, Cunha "tem tudo para ser cassado" se não apresentar provas mais consistentes no Conselho de Ética. Na semana passada, ele concedeu uma série de entrevistas para apresentar sua defesa.

A iniciativa, porém, repercutiu mal e os congressistas tucanos passaram a cobrar uma manifestação mais dura dos líderes do partido. "A defesa é fantasiosa, de uma fragilidade absoluta. Falta consistência. Aquelas entrevistas foram desastrosas", disse Sampaio.

Hoje a bancada divulgará uma nota sobre o assunto com a assinatura de todos 54 integrantes da bancada. Além do PSDB, o DEM e o PPS consideram "frágil" a defesa de Cunha.

Basicamente, o presidente da Câmara fez duas alegações: ele não é dono pessoal das contas (estariam em nome de terceiros) e os recursos financeiros são oriundos de venda de carne bovina na década de 1980 para o hoje extinto Zaire.

Além da defesa frágil, a oposição ficou irritada com a aproximação de Cunha do governo. Nas últimas semanas, o peemedebista passou a manter conversas com o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, e com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os contatos ocorreram no momento em que a Procuradoria-Geral da República aprofundou as investigações contra o presidente da Câmara. 

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