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Balsas com 37 geradores chegam ao Amapá, solução provisória para o apagão

Amapá entra no 15º dia de blecaute, com 90% da população em sistema de rodízio no abastecimento de energia

Apagão no Amapá: moradores protestam contra a falta de energia (Rudja Santos/Amazônia Real/Divulgação)

Apagão no Amapá: moradores protestam contra a falta de energia (Rudja Santos/Amazônia Real/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 17 de novembro de 2020 às 10h38.

Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 17h01.

As balsas trazendo geradores termelétricos, movidos a combustível, chegaram ao Amapá na segunda-feira. Os equipamentos serão instalados nas subestações da capital, Macapá, e da cidade de Santana. Trata-se de uma solução provisória para tentar aumentar e atingir 100% da capacidade de fornecimento de energia ao estado, que sofre há 15 dias com um apagão que atinge 13 dos 16 municípios.

De acordo com o G1, as balsas, que vieram de Manaus pelo Rio Amazonas e chegaram na área portuária de Santana, serão distribuídas às subestações da Eletronorte. As estruturas também passaram por alterações para receber os cerca de 40 geradores.

Os equipamentos vão permitir de forma provisória restabelecer em 100% a energia para o estado, mas a capacidade de atendimento vai aumentar aos poucos, a medida que cada gerador for entrando em operação. Sendo assim, o prazo para retomada total ainda é indefinido.

A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) declarou, na semana passada, que o fornecimento total de energia só deve ser normalizado no dia 26 deste mês, mas o prazo depende do planejamento feito pelo Ministério de Minas e Energia.

Documentos do Operador Nacional do Sistema (ONS) revelados pelo Jornal Nacional apontam que a previsão de conclusão do conserto vem sendo adiada sucessivamente desde o primeiro semestre, deixando a subestação sem plano de emergência há quase um ano. O prazo já foi maio, junho e setembro. No último dia 6, três dias após o incêndio, a LMTE deu ao ONS novo prazo: maio de 2021.

Demora nos serviços de manutenção

De acordo com a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), empresa responsável pela subestação de energia que pegou fogo em Macapá, para garantir o abastecimento com segurança e reserva de energia é necessária a instalação de um segundo transformador nessa unidade.

Segundo reportagem do GLOBO, A LMTE demorou pelo menos nove meses para contratar os serviços de manutenção especializada do terceiro transformador da unidade, que estava parado desde dezembro de 2019 e deveria servir como reserva para evitar uma falta de energia no estado.

No entanto, a manutenção foi contratada menos de dois meses antes do incêndio, no último dia 3, que deixou 90% da população do Amapá no escuro. A informação faz parte do processo em que o juiz João Bosco Costa determinou o restabelecimento da energia no estado nesta semana.

Como o GLOBO revelou no sábado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não fez fiscalizações presenciais na subestação desde que o equipamento entrou em operação, há cinco anos. Essa informação foi confirmada na inspeção judicial, na qual o representante da Aneel disse que a agência “não possui o quantitativo de servidores suficientes para a análise in loco”.

A montagem do novo transformador está prevista para esta semana. Na segunda-feira, o transformador, que pesa cerca de 100 toneladas, começou a ser transportado de Laranjal do Jari, no sul do estado, numa operação logística que envolve balsas e caminhões.

Até a instalação do transformador, os geradores termelétricos devem produzir cerca de 45 megawatts de energia, o suficiente para atingir 100% da carga necessária para o estado, que hoje é de cerca de 90%.

A subestação que falhou é a única responsável por fazer a conexão do Amapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a rede federal de eletricidade. Ela foi projetada para operar com três transformadores, dos quais um deveria operar como reserva para garantir o suprimento de eletricidade do estado.

Foi esse transformador reserva que estava inoperante desde dezembro do ano passado, mas só teve o contrato de manutenção assinado neste ano.

A subestação que deu problema começou a ser operada em 2015 pela LMTE, que tem outras três na Região Norte. A LMTE pertence à Gemini Energy, formada a partir de ativos da espanhola Isolux, em recuperação judicial.

Em nota, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia afirmou que "o terceiro transformador (backup) está em manutenção desde janeiro de 2020. A manutenção foi iniciada no mesmo dia em que a necessidade de reparos foi identificada, seguindo todos os procedimentos tecnicamente corretos de manutenção: tentativa de religar, troca de peças e testes, incluindo análises do interior do transformador. Após esgotadas todas as possibilidades, foi tomada a decisão de envio do transformador à fábrica. Em seguida, foi feita a seleção do fornecedor com equalização técnica e a contratação, ocorrida em setembro".

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