CPI da Covid ouve líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) (Pedro França/Agência Senado)
Alessandra Azevedo
Publicado em 12 de agosto de 2021 às 15h48.
Depois de uma série de discussões, o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), encerrou o depoimento do deputado federal Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, nesta quinta-feira, 12, e anunciou que o convocará à comissão em outra data. Nesta quinta, Barros esteve no colegiado como convidado.
A convocação obriga a presença na data definida pela comissão e que o depoente faça o juramento de dizer a verdade. Quando um convocado não comparece, o colegiado pode até mesmo ordenar uma condução coercitiva. Isso não acontece em casos de convite.
"Com o convite, foi feita uma deferência ao deputado. A partir do momento que ele desrespeita o trabalho da CPI -- desde o primeiro momento, ele foi alertado -- ele está convocado. Agora, ele pode pedir ao Supremo para não vir, porque ele pediu para vir", disse Aziz. "Uma coisa que não aceito é vir e desrespeitar", acrescentou.
A sessão foi suspensa duas vezes após discussões entre Barros e os senadores. Em uma das ocasiões, o deputado afirmou que a CPI estaria afastando fornecedores de vacinas do país. "O mundo inteiro quer comprar vacina, e espero que essa CPI traga bons resultados ao Brasil. Porque o negativo já produziu muito: afastou empresas interessadas em vender vacina ao Brasil", disse.
Os senadores reagiram à fala, e Aziz resolveu suspender a sessão pela segunda vez. "Afastamos as vacinas que vocês do governo queriam tirar proveito. Reunião está suspensa e vamos avaliar o convite do deputado", disse. Depois, o presidente da CPI retomou a sessão e anunciou que ela seria encerrada para que Barros fosse convocado.
"A CPI não atrapalhou a vinda de vacinas, pelo contrário. Eu quero colocar bem claro para a população: se hoje estamos vacinando, e se estamos vacinando com uma vacina que está chegando a um preço justo é graças a CPI", reforçou Aziz. "A reunião está encerrada, e o deputado será convocado em uma próxima data para estar aqui", anunciou.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que a CPI deve consultar o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as medidas que podem ser adotadas caso depoente parlamentar minta no depoimento. "Que se retome com depoente na condição de convocado, não de convidado, e após essa resposta, para que Brasil tenha efetivamente um depoimento", disse.
A primeira suspensão da reunião aconteceu após Barros dizer que o presidente Jair Bolsonaro não o apontou como envolvido nas negociações. O deputado mostrou um vídeo em que Luis Miranda diz que a reação do presidente foi questionar se o deputado estava envolvido, não afirmar que havia envolvimento.
“Ele deu entrevista, foi à Polícia Federal, e em todas as falas ele diz que o presidente perguntou se o Ricardo Barros estava envolvido na Covaxin, nunca afirmou”, disse Barros. Aziz pediu respeito à CPI e lembrou que, no depoimento de Miranda, ele fala que Barros foi citado. "Não criamos versão, são fatos. O deputado Luis Miranda disse claramente que a pessoa que se referia era vossa excelência", disse.