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Avião é apreendido com R$ 504 mil e santinhos

Os impressos têm os nomes de Marcelo Miranda, ex-governador do Estado que lidera a disputa ao governo, e do candidato a deputado federal Carlos Henrique Gaguim

Bimotor Beechcraft BE 58 Baron (San Diego Air & Space Museum Archives/Wikimedia Commons)

Bimotor Beechcraft BE 58 Baron (San Diego Air & Space Museum Archives/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2014 às 09h56.

Goiânia - Um bimotor que transportava R$ 504 mil em dinheiro e cerca de cinco quilos de santinhos (impressos) de dois candidatos às eleições no Tocantins foi apreendido anteontem pela Polícia Civil de Goiás, durante uma operação de combate ao tráfico de drogas. O piloto tentou fugir, mas foi impedido pelos agentes. Os impressos têm os nomes de Marcelo Miranda, ex-governador do Estado que lidera a disputa ao governo no Tocantins, e do candidato ao cargo de deputado federal Carlos Henrique Gaguim. Ambos são candidatos pelo PMDB.

A assessoria de Miranda, que estava em campanha na manhã de ontem, em Araguaína, no interior do Tocantins, respondeu que o candidato não iria se pronunciar sobre o assunto.

Foram presos Douglas Marcelo Alencar, de 38 anos, apontado como o líder do grupo; Marco Antônio Jayme Roriz, de 46 anos, motorista e segurança; Lucas Marinho Araújo, de 24 anos, estagiário de engenharia e apontado como o laranja do esquema; e o piloto da aeronave Roberto Carlos Maya Barbosa, de 48 anos.

O delegado responsável pela operação, Ricardo Chueire, que comanda o Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) de Itumbiara, fez o flagrante em Piracanjuba, cidade a cerca de 85 quilômetros de Goiânia, na suspeita de que os envolvidos estivessem transportando drogas.

Na tarde de anteontem, equipes do Genarc de Itumbiara investigavam a ação de traficantes de drogas quando viram uma caminhonete Toyota Hilux, dirigida por Roriz, chegando a uma pista de pouso da cidade. Com a aproximação das viaturas, o piloto, que estava com o motor ligado, "tentou decolar, mas foi perseguido, abordado e impedido pelos policiais civis", diz o delegado. O bimotor prefixo PR-GCM seria de um empresário tocantinense do ramo da construção civil, amigo de Marcelo Miranda.

De acordo com Chueire, foram encontrados no interior do avião R$ 504 mil em maços ainda com os invólucros da Caixa Econômica Federal. "Havia também farta quantidade de santinhos", disse. O dinheiro teria sido sacado em uma agência de Piracanjuba, cidade que não constava no plano de voo da aeronave, de acordo com o delegado. O avião seguiria para a capital, Palmas, com o dinheiro e o material publicitário apreendido. "Assim que fizemos o flagrante, eles (os presos) confirmaram que o dinheiro era para a campanha eleitoral (de Miranda), mas na presença do advogado eles negaram isso", informou Chueire.

No depoimento, os envolvidos, menos o piloto, afirmaram que o dinheiro era de um empréstimo feito em Brasília, usando a conta do estagiário Lucas emprestada. Já a polícia investiga se o "laranja" do esquema é o estagiário, cuja conta bancária teria sido usada para movimentar o volume encontrado. A reportagem não conseguiu contato com o advogado dos presos que foram autuados por lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime tributário.

Pesquisa recente, realizada pela TV Anhanguera, aponta que Marcelo Miranda tem 48% das intenções de voto no Tocantins, contra 33% do segundo colocado, Sandoval Cardoso (SDD), sinalizando chances de vitória no 1.º turno. De acordo com a sondagem, o ex-governador é rejeitado por 22% do eleitorado.

Miranda, que já foi governador do Tocantins por dois mandatos, foi cassado em 2009 pelo Tribunal Superior Eleitoral acusado de, nas eleições de 2006, compra de votos, abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação, ficando inelegível por oito anos. A inelegibilidade do candidato ao governo vence no dia 1.º de outubro, às vésperas da eleição do dia 5.

A Justiça Federal, a pedido do Ministério Público Federal do Tocantins, decretou a indisponibilidade dos bens de Miranda esta semana. O motivo é a suspeita de desvio de mais de R$ 20 milhões em supostos esquemas de desvio de verba por meio de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) durante seu mandato, entre 2003 e 2009. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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