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Avião da Chapecoense não poderia voar até Medellín, diz manual

Uma consultoria apontou que a distância máxima do modelo era de 1.600 milhas marítimas, mas o trajeto percorrido tinha 1.605 milhas

Avião: a aeronave foi cambriada para viagens de curta distância e é usada para pousar em aeroportos de difícil acesso (Reuters/Reuters)

Avião: a aeronave foi cambriada para viagens de curta distância e é usada para pousar em aeroportos de difícil acesso (Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de novembro de 2016 às 15h51.

Última atualização em 29 de novembro de 2016 às 17h14.

São Paulo - A capacidade padrão de voo da aeronave RJ85, da companhia venezuelana LaMia, é menor do que o trajeto previsto para ser percorrido pelo modelo que caiu nesta terça-feira na Colômbia e vitimou mais de 70 pessoas. Ainda não se sabe se o modelo tinha tanques auxiliares.

Informações da consultoria em aviação alemã Jacdec, com base na ficha técnica da fabricante, apontam que a distância máxima padrão do RJ85 que pode ser percorrida pelo modelo é de 1.600 milhas marítimas (equivalente a 2.965 quilômetros).

Já a distância direta entre o Aeroporto Internacional Viru-Viru, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e o Aeroporto Olaya Herrera, em Medellín, na Colômbia, é de 1.605 milhas marítimas, ou 2.975 quilômetros (em linha reta).

Especialistas apontam que a baixa no combustível é possível, mas que há aeronaves do mesmo modelo que possuem tanques auxiliares que aumentam a autonomia do avião.

A aeronave foi cambriada para viagens de curta distância e é usada para pousar em aeroportos de difícil acesso. O modelo é cada vez mais usado em tarefas de combate a incêndios.

Informações da fabricante mostram que o RJ85 pode levar até 100 pessoas. À Associated Press, o porta-voz da fabricante BAE, David Dormann, informou que o modelo estava configurado com cadeiras mais espaçosas, para 85 pessoas.

O especialista em segurança operacional Miguel Rogeguero, da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (AOPA Brasil), diz que é prematuro falar em qualquer causa.

"Existe uma versão desse avião com autonomia um pouco maior e ainda nem sabemos qual é o modelo", disse. Ele ressalta que um quadro possível é o da soma de problemas - combustível próximo do limite e tempo ruim, por exemplo.

"É preciso pegar essas informações junto às características no local do acidente, com destroços, informações das caixas pretas e aí sim compor um quadro de causas mais prováveis", disse.

O comandante Dércio Correa, presidente do Fórum Brasileiro para o Desenvolvimento da Aviação Civil, diz que é "provável" que o trajeto feito pelo piloto por causa das condições climáticas no local somado ao combustível limitado tenha relação com o acidente.

Ele destaca que a legislação no Brasil prevê que uma aeronave deve ter combustível suficiente para atender um trajeto do aeroporto de saída ao destino, mais duas alternativas e mais 45 minutos de voo de reserva.

"O fato de ele não ter explodido com o pouso de emergência já indica que ou ele alijou o combustível ou que realmente estava no limite", disse.

"Outro problema é que a condição meteorológica adversa obrigou ele a fazer muitos desvios, o que significa fazer mais consumo de combustível".

Acidente

Duas possibilidades já são discutidas entre especialistas - pane elétrica ou pane seca (falta de combustível). A aeronave caiu quando se aproximava do aeroporto na Colômbia.

Em momentos finais do voo, a aeronave dá duas voltas ao redor de Medellín. Estava em baixa velocidade, a cerca de 262 quilômetros por hora.

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