Bolsonaro: presidente é contra medidas de isolamento social, contrariando orientações de especialistas em saúde (Ueslei Marcelino/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 3 de abril de 2020 às 12h45.
Última atualização em 3 de abril de 2020 às 13h06.
A avaliação positiva da atuação dos governadores disparou na última semana, em meio ao avanço da pandemia do novo coronavírus no Brasil e do desencontro de orientações sobre a necessidade de isolamento social.
Segundo pesquisa XP divulgada nesta sexta-feira, 3, a parcela da população que considera o trabalho dos governadores "bom" saiu de 26% em março para 44% em abril. Essa foi a primeira vez desde o início da série histórica desse levantamento, que começou em outubro de 2019, que a perspectiva positiva da atuação dos governadores supera a negativa e a regular.
Ao contrário do otimismo com os governadores, a pesquisa revela que a avaliação negativa do governo de Jair Bolsonaro tem crescido. A parcela da população que vê o governo como "ruim ou péssimo" chegou aos 42% em abril. Em março, o percentual era de 36%.
A inversão na percepção dos entrevistados pela XP acontece ao mesmo tempo em que há uma disputa de narrativa entre Bolsonaro e governadores. Há semanas o presidente vem criticando a postura dos chefes estaduais em impor quarentena nas regiões mais afetadas, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Nesta quinta-feira, 2, o presidente reforçou que se a partir da próxima semana “não começar a voltar o emprego, vou ter de tomar uma decisão”. Seu posicionamento vai contra todas as indicações da Organização Mundial da Saúde e do próprio Ministério da Saúde, que defendem a quarentena e o isolamento social para conter o vírus. Atualmente, no Brasil há mais de 7.000 pessoas confirmadas com a doença e ao menos 300 óbitos.
A alta na perspectiva positiva sobre a postura dos governadores vai ao encontro com a opinião de 80% dos entrevistados, que consideram o isolamento social como a melhor forma de se prevenir e evitar a alta das infecções.
Em meio ao surto da pandemia do novo coronavírus, também cresceu a avaliação de que as as medidas econômicas do governo "estão no caminho errado".
No mês passado, 48% dos entrevistados disseram estar insatisfeitos com os planos econômicos. Em abril, o índice chegou a 50%.
A pesquisa ouviu 1.000 brasileiros, nos dias 30 e 31 de março e 1º de abril. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.