Brasil

Auxílio Brasil vai aumentar para R$ 600? Entenda a proposta do governo

Objetivo é ter auxílio de R$ 600 já a partir de julho, além de voucher a caminhoneiros

Auxílio Brasil: governo quer ampliar benefício dos atuais R$ 400 para R$ 600 antes da eleição (Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Auxílio Brasil: governo quer ampliar benefício dos atuais R$ 400 para R$ 600 antes da eleição (Marcello Casal jr/Agência Brasil)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 27 de junho de 2022 às 17h48.

Última atualização em 27 de junho de 2022 às 19h58.

A menos de quatro meses das eleições, o governo do presidente Jair Bolsonaro tenta emplacar junto ao Congresso um aumento no valor do Auxílio Brasil, substituto do antigo Bolsa Família. A ideia do governo é ampliar o benefício, hoje em R$ 400, para R$ 600.

Fique pode dentro de tudo das Eleições 2022 e veja as pesquisas eleitorais EXAME

O tema está na pauta das discussões entre o governo e líderes do Congresso nesta segunda-feira, 27. Para que o aumento ocorra, o Planalto articula inserir o tema em uma proposta de emenda à Constituição (PEC).

A mesma PEC incluiria, além do aumento do valor do benefício até o final do ano, a ampliação do valor do vale gás e a criação de um auxílio para caminhoneiros, afetados com a alta dos combustíveis. A ideia seria oferecer um “voucher” de R$ 1.000 a cerca de 900 mil caminhoneiros.

LEIA TAMBÉM: Auxílio Brasil: veja quem recebe o benefício nesta segunda-feira

Além disso, como a lei eleitoral impede a criação ou ampliação de programas sociais em ano de eleição, o governo articula também a instituição de um estado de emergência para tirar os programas do papel.

Os temas caminham para ser incluídos na PEC 16, que vinha sendo chamada de “PEC dos combustíveis”. A proposta havia sido inicialmente pensada como forma de compensar estados que aceitassem zerar alíquotas de ICMS em combustíveis como o diesel.

Neste mês, vale lembrar, o governo encabeçou no Congresso um projeto de lei (que acabou de ser sancionado) que limita a 17% a alíquota do ICMS sobre combustíveis, apesar da contrariedade de governos estaduais em meio à perda de recursos, incluindo em frentes como educação e saúde. A PEC visava ressarcir parcialmente estados que desejassem reduzir ainda mais as alíquotas, de modo a ampliar o impacto do corte de impostos nos preços na bomba.

LEIA TAMBÉM: Cem dias para a eleição presidencial: a disputa já está definida?

Mas o governo mudou de estratégia e agora tentará usar os recursos para os benefícios mais diretos.

Um novo relatório será apresentado pelo relator da PEC no Senado, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), já com a proposta de compensação aos estados suprimida, conforme antecipou Coelho no fim de semana.

VEJA TAMBÉM: Para metade dos brasileiros, desemprego e inflação são os maiores problemas do país, diz EXAME/IDEIA

A expectativa do relator é que a proposta seja rapidamente aprovada no Senado e na Câmara, e que os beneficiários já comecem a receber o novo valor de R$ 600 em 1º de julho.

Quanto custará o Auxílio Brasil de R$ 600 ao governo?

O valor inicialmente planejado para a PEC dos Combustíveis era de R$ 29,6 bilhões, e Bezerra afirmou que, no novo relatório, passaria a R$ 34,8 bilhões.

  • A previsão é de custo de R$ 21,8 bilhões para que o Auxílio Brasil suba dos atuais R$ 400 para R$ 600;
  • Para o vale gás, o valor seria R$ 1,5 bilhão. O benefício é hoje de R$ 50 a cada dois meses, e passaria a ser de R$ 120;
  • Para o “voucher caminhoneiro”, o custo estimado é de R$ 5,4 bilhões;
  • O relatório incluiria ainda compensação a empresas de transporte público pelo transporte gratuito de passageiros idosos, ao custo de R$ 2,5 bilhões.

Se confirmado, o montante supera o que o governo ganha com a privatização da Eletrobras, em torno de R$ 25 bilhões.

Desde antes da privatização confirmada em junho, membros do governo e do Ministério da Economia vinham afirmando que um dos planos poderia ser usar o dinheiro da privatização para bancar subsídios aos combustíveis e, agora, ao novo Auxílio Brasil.

Votação de Bolsonaro é menor entre quem recebe Auxílio Brasil

O Auxílio Brasil era a grande aposta do governo Bolsonaro no começo de 2022 para melhorar a imagem do presidente, que é pré-candidato à reeleição. No entanto, até o momento, o programa não aumentou amplamente a popularidade do governo, que está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto.

Pesquisa BTG/FSB divulgada nesta segunda-feira mostra que Lula lidera com folga inclusive entre os beneficiários do Auxílio Brasil:

  • Entre quem recebe Auxílio Brasil, Lula tem 73% dos votos, ante 16% de Bolsonaro;
  • Entre quem tem alguém em casa que recebe Auxílio Brasil, Lula tem 51% dos votos, ante 34% de Bolsonaro;
  • Entre quem não recebe, Lula e Bolsonaro estão em empate técnico: Lula tem 40% e Bolsonaro, 34% dos votos.

Isso acontece, ainda, devido à intersecção entre os grupos que recebem o benefício e os que mais aparecem votando em Lula: desempregados, mais pobres e mulheres, em meio ao protagonismo da economia nas preocupações dos eleitores neste ano.

O valor de R$ 600 é simbólico para o governo, sendo o mesmo pago aos beneficiários do auxílio emergencial. O programa foi aprovado no Congresso durante a pandemia e terminou, na época, ajudando a alavancar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro — que atingiu seus maiores patamares durante o pagamento do benefício.

Mas há algumas diferenças entre o auxílio emergencial e o novo Auxílio Brasil.

Na época em que o primeiro foi pago, em parte do ano de 2020, a inflação era muito menor. O IPCA fechou aquele ano em 4,5%. Hoje, o acumulado nos últimos 12 meses (até meados de junho no IPCA-15) é de 12%. Alguns itens básicos, como leite, café, tomate, cenoura e combustíveis, acumulam altas de mais de 20%, o que faz o poder de compra da população encolher.

Assim, R$ 600 hoje representam menos no bolso dos beneficiários frente aos R$ 600 (ou R$ 1,2 mil para mães chefe de família) em 2020.

Além disso, o auxílio emergencial atingia mais pessoas. O Auxílio Brasil usa praticamente a mesma base do Bolsa Família, apesar do novo nome e do valor ampliado. São pouco mais de 18 milhões de famílias atendidas pelo programa atual, ante quase 40 milhões no auxílio emergencial na pandemia.

Acompanhe tudo sobre:Auxílio BrasilBolsa famíliaGoverno Bolsonaro

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP