Brasil

Aumento no consumo de açúcar é um problema para a saúde

Embora o açúcar esteja presente em frutas e no leite, é o produto processado, obtido a partir da cana-de-açúcar, que mais preocupa os especialistas em saúde

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2013 às 13h05.

Brasília – Cáries, obesidade e diabete. Essas são algumas das doenças que podem ser causadas ou agravadas pelo consumo do açúcar – substância cujo conceito de “excesso” varia conforme a pessoa.

Embora o açúcar esteja presente em frutas (frutose) e no leite (lactose), é o produto processado, obtido a partir da cana-de-açúcar, que mais preocupa os especialistas em saúde. Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que o setor público gasta, anualmente, R$ 488 milhões com o tratamento de doenças associadas à obesidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo de açúcar livre, que inclui tanto a substância presente nas frutas e no leite quanto o produto processado, não chegue a 10% das calorias consumidas por uma pessoa adulta ao longo de todo o dia.

O problema é conseguir medir isso, para não extrapolar o limite recomendável. Tanto que, segundo o Ministério da Saúde, a Pesquisa de Orçamentos Familiares, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2008 e 2009, revelou que 61% da população brasileira consomem açúcar em excesso.

Atento ao aumento da participação do açúcar na dieta brasileira e às consequências negativas do seu consumo excessivo, o Ministério da Saúde começou a discutir com as indústrias a redução do teor desse nutriente em alimentos industrializados.

Em junho, a Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do ministério organizou um seminário sobre o tema com a participação de representantes do governo, da indústria, da academia e de entidades profissionais, científicas e de defesa do consumidor. Ainda não há definição quanto às medidas que podem vir a ser adotadas.

Presidente da secção regional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no Distrito Federal, a endocrinologista Monalisa Azevedo diz que, apesar do valor nutritivo, as pessoas poderiam abrir mão do açúcar.

A eliminação, entretanto, não é necessária, nem há qualquer recomendação médica neste sentido, segundo explicou.


“O açúcar não é um alimento essencial. Podemos abrir mão de seu consumo porque seu nutriente, a glicose, está presente em uma série de outros alimentos compostos por carboidratos, como o arroz e o feijão. Agora, se ingerido em pequenas quantidades, o açúcar não é um veneno”, disse a médica.

Ela alerta, contudo, que a quantidade recomendável varia de pessoa para pessoa, de acordo com fatores como a condição geral de saúde e a faixa etária de cada um.

Para Monalisa, é importante que os consumidores sejam informados sobre a adição de açúcar em alimentos industrializados e que as autoridades públicas, a exemplo do que já vem fazendo o Ministério da Saúde, estudem os níveis recomendáveis, como no caso do sódio.

“Este é um debate importantíssimo e há exemplos de produtos como alguns sucos em caixinha e refrigerantes que têm que ser melhor estudados. Sempre lembrando que não há, hoje, nenhuma orientação e que não prescrevemos a erradicação do consumo do açúcar, embora restringir a quantidade ingerida seja recomendável para todos – da mesma forma como recomendamos a redução dos produtos industrializados que, sempre que possível, devem ser substituídos por alimentos naturais, como frutas, fonte de açúcar natural”, explicou.

Já o historiador e escritor Fernando de Carvalho, é radical. Diabético, ele defende o fim do uso do açúcar para todos. Em seu libelo contra o produto, O Livro Negro do Açúcar, disponível na internet, Carvalho alerta que, com o tempo, praticamente todos os alimentos industrializados, até mesmo o pão francês, foram sendo modificados pela adição de açúcar, criando o que chama de “a era das doenças crônicas, metabólicas e degenerativas”. A finalidade foi torná-los mais agradáveis ao paladar contemporâneo.

O problema é que nem sempre isso é informado aos consumidores.

Em entrevista à Agência Brasil, Carvalho apontou que, nos últimos anos, houve um avanço no tocante ao surgimento e a popularização de alimentos de baixo teor calórico, o que ajudou a despertar a atenção de muitos consumidores.

De acordo com ele, contudo, há um movimento contrário.

“O poder econômico da indústria do açúcar é muito grande. Uma deputada chegou a propor uma lei obrigando as empresas a informar o risco de alguns de seus produtos causarem cáries. Não passou de uma proposta”, comentou Carvalho, que critica a falta de leis que controlem o excesso nos alimentos e informem o risco da substância para os consumidores.

“A rigor, o consumidor é quase um órfão de informações. Pelo contrário. O que há é um estímulo sem ressalvas por parte da mídia, sem nunca abordar os problemas de saúde e o custo humano e ecológico decorrente da expansão da área ocupada por canaviais – expansão que não atende só à produção de açúcar, mas também à de etanol”, analisou.

Acompanhe tudo sobre:acucarCommoditiesDiabetesDoençasOMS (Organização Mundial da Saúde)Saúde no Brasil

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas