"O que está ocorrendo aqui não é um movimento migratório espontâneo", afirmou. "Trata-se de grupos organizados, coiotes, que enviam essas pessoas", declarou Mourão (Marcello Casal Jr./ABr)
Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2013 às 18h02.
São Paulo - Aumentou para 70 o número de cidadãos do Senegal, na África, que estão em Brasileia, cidade no Acre, na fronteira do Peru com o Brasil, aguardando visto de entrada no País.
O grupo de africanos se juntou aos centenas de haitianos que aguardam documentos de imigração em um abrigo que já tem 1.300, entre eles 150 mulheres. A informação é do secretário dos Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão.
"Recebemos a informação de um reforço da equipe de imigração, que pretende aumentar de 30 para 100 o número de pessoas atendidas pela Polícia Federal por dia lá", disse Mourão na manhã desta quarta-feira, 10.
Com isso, o secretário espera que o fluxo de atendimento reduza a pressão no abrigo e que o drama dos imigrantes seja amenizado nos próximos dias.
A situação na fronteira do Acre se agravou nos últimos dois anos depois do terremoto que destruiu o Haiti em janeiro de 2010 e cidadãos haitianos em fuga começaram a chegar em busca de oportunidades de vida no Brasil usando o caminho do Acre.
"Precisamos que o governo central nos ajude a encontrar uma solução para esse problema", pediu o secretário dos Direitos Humanos do Estado. Ele alega que a região está se transformando em uma rota internacional de tráfico de pessoas justamente na fronteira com dois países produtores da coca, matéria-prima de drogas.
"Estão ocupando um espaço existente nas fronteiras abertas", justificou Mourão. "O que está ocorrendo aqui não é um movimento migratório espontâneo", afirmou. "Trata-se de grupos organizados, coiotes, que enviam essas pessoas", declarou.
Mourão afirmou ainda que os grupos mais recentes de africanos estão fazendo uma rota que passa pelo Marrocos e Espanha, de onde seguem para o Equador, onde se juntam aos haitianos para chegar ao Acre pelo Peru. De acordo com o secretário, a situação no abrigo brasileiro é grave. "Não há condições humanitárias de permanência no local", afirmou.