Brasil

Aumenta número de mortes por doenças cardíacas

Na América Latina 43% das mortes por doença cardiovascular são de indivíduos em idade produtiva, o que causa um grande impacto socioeconômico


	No Brasil, as doenças não comunicáveis causam 72% das mortes, sendo que as cardiovasculares contribuem com 31% do total
 (Getty Images)

No Brasil, as doenças não comunicáveis causam 72% das mortes, sendo que as cardiovasculares contribuem com 31% do total (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2012 às 20h54.

Rio de Janeiro – Médicos cardiologistas de vários países estão no Rio de Janeiro para alertar sobre a epidemia de doenças cardiovasculares, que matam 17 milhões de pessoas por ano no mundo. Só no Brasil, são 300 mil mortes, segundo dados do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para tentar reverter o atual quadro de mortes, foi divulgada hoje (30) a Carta do Rio, durante o 3º Brasil Prevent, evento que ocorre no Hotel Windsor Atlântica e termina, no domingo (2), com uma caminhada em Copacabana.

O documento é assinado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Interamericana de Cardiologia, American Heart Association, European Society of Cardiology e pela World Heart Federation. De acordo com o presidente da SBC, Jadelson Andrade, a carta propõe metas a serem buscadas no mundo todo.

“O documento parte do princípio de que 36 milhões de mortes no mundo foram causadas na última década pelas doenças não infecciosas, que nós chamamos de doenças não comunicadas. E dessas, um percentual bastante expressivo se deve a doenças cardiovasculares. Então, hoje, no mundo, morrem 17 milhões de pessoas por ano por doenças cardiovasculares. E se a gente não tomar atitudes como esta, a expectativa é que o número cresça, até 2030, para 23 milhões de pessoas”, alertou.

O médico ressaltou que na América Latina 43% das mortes por doença cardiovascular são de indivíduos em idade produtiva, o que causa um grande impacto socioeconômico. No Brasil, as doenças não comunicáveis causam 72% das mortes, sendo que as cardiovasculares contribuem com 31% do total. Em termos de comparação, ele relacionou que as mortes por câncer são 16,3%, por diabetes 5,2% e por doenças respiratórias 5,8%. Andrade destacou a importância de implementação de políticas públicas para prevenir o avanço da epidemia.

“Urge a necessidade de que programas e projetos de prevenção cardiovascular e de tratamentos efetivos sejam estabelecidos, porque esse foi o caminho encontrado por diversos países do mundo para conseguir controlar essa epidemia de mortes por doença cardiovascular, inclusive com a redução do custo do tratamento, que passa de US$ 20 bilhões por ano”.


Na Carta do Rio, as sociedades de cardiologia colocam como meta reduzir em 25% a mortalidade até 2025. Para isso, é necessário diminuir em 10% a prevalência do sedentarismo nos adultos, aumentar em 25% o controle da pressão alta, limitar a ingestão de sal a menos de 5 gramas por dia, reduzir em 30% o número de fumantes e em 10% o consumo excessivo de álcool, diminuir a ingestão de gorduras saturadas em 15%, deter o aumento da obesidade, reduzir em 20% o nível de colesterol total na população, disponibilizar medicamentos para metade das pessoas que precisam prevenir ataque cardíaco e derrame e disponibilizar medicamentos para pelo menos 80% da população que precisam deles.

O presidente da SBC disse que o Brasil tem programas de prevenção para doenças cardiovasculares, porém, ainda tímidas diante da magnitude do problema. “Se você comparar os programas que nós temos para tabagismo e para hipertensão arterial, por exemplo, com o programa contra aids, que mata 30 vezes menos do que as doenças do coração, é quase nada. Se você comparar a campanha do câncer de mama, que mata 36 vezes menos do que o derrame e o enfarto do miocárdio, as campanhas das doenças do coração precisam ser ampliadas. Nós defendemos a ideia, claro, que as campanhas que existem nas outras áreas sejam ampliadas, mas que as campanhas das doenças cardiovasculares deixem de ser tão pouco expressivas como atualmente vem sendo”.

Segundo ele, se nada for feito, em 2030 “o Brasil será o campeão mundial não de futebol, mas de morte por doença cardiovascular”.

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