São Paulo - O número de brasileiros que comprometem uma parcela muito grande de sua renda com aluguel disparou nos últimos anos. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de famílias que gastam mais de 30% do que ganham em moradia - limiar que é considerado excessivo pelo órgão e por especialistas - passou de 1,756 milhão em 2007 para 2,293 milhões no ano passado. Uma elevação de 30%.

Essa alta pode estar relacionada com o aumento nos valores de compra e venda de imóveis no mesmo período, o que reflete no aluguel, segundo o instituto.

O preço médio do metro quadrado de imóveis subiu 13,4% somente nos últimos 12 meses, de acordo com a pesquisa FipeZap, que analisa os valores de 16 cidades brasileiras.

Apesar de estar gastando mais com aluguel, o déficit habitacional diminuiu no Brasil entre 2007 e 2012, mostra o Ipea.

A necessidade total de novos lares passou 5,59 milhões de domicílios para 5,24 milhões no período. 

O déficit habitacional é calculado considerando quatro indicadores: as famílias que vivem em condições precárias, que vivem com mais de um núcleo familiar na mesma casa, que gastam muito com aluguel ou que vivem em domícilios locados com muitas pessoas (mais de três habitantes por cômodo).

A queda expressiva verificada nos últimos cinco anos ocorreu devido aos componentes "habitações precárias" (30%) e "coabitação familiar" (26%) (veja tabela abaixo).

O estudo foi elaborado pelo Ipea com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio. 

Déficit habitacional geral e por componentes (2007-2012)

Indicadores	2012	2007-2012 (%)
Déficit habitacional	5.244.525	-6%
Habitações Precárias	870.563	-30%
Coabitação	1.757.160	-24%
Ônus excessivo com aluguel	2.293.517	30%
Adensamento excessivo	510.197	-3%