(Adriano Machado/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 9 de setembro de 2020 às 19h30.
Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 19h40.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, prorrogou o prazo para o funcionamento da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba por mais quatro meses, até o dia 31 de janeiro de 2021. O prazo é menor do que o grupo havia pedido, de um ano a mais. Aras tinha até o dia 10 de setembro para tomar uma decisão.
Analistas ouvidos por EXAME, há duas semanas, já previam que ele prorrogaria os trabalhos da força-tarefa, mas que também faria algumas mudanças, como diminuir o tempo.
Atualmente, há 14 procuradores cedidos para trabalhar nos processos relacionados à maior operação de combate à corrupção no país, que resultou na prisão de centenas de políticos e empresários.
Por ser uma equipe de dedicação exclusiva, as forças-tarefa são constituídas com o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR). Criada em 2014, a equipe de Curitiba já teve seu funcionamento prorrogado sete vezes.
O novo coordenador da Lava-Jato, procurador Alessandro Oliveira, concordou com o novo prazo. "A manutenção da equipe e prorrogação maior que 60 dias (como ocorreu em outra FT) foi muito positiva, sim", disse ele ao Estadão.
Em conversas reservadas, procuradores dizem que "ficou de bom tamanho". O tempo seria o suficiente para continuar os trabalhos e para os órgãos de cúpula buscarem uma estrutura de transição que permita que o trabalho da Lava-Jato tenha continuidade.
A maior operação contra a corrupção no país passa por um momento de crise, que atingiu seu auge na semana passada, com a saída do coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol.
O motivo oficial da saída do ex-coordenador da Lava-Jato em Curitiba foi um problema de saúde da filha mais nova. Mas há também o fato de ele estar muito desgastado, principalmente quando Dallagnol foi contrário a pedidos da PRG para ter acesso a informações sigilosas de investigações.
Neste clima de tensão, o procurador da República ainda foi julgado pelo Conselho Nacional do Ministério Público em dois processos. Nesta terça-feira, 8, foi condenado à pena de "censura" pelo CNMP por ter tentado influenciar na eleição da presidência do Senado, em 2019, quando fez uma postagem em uma rede social.
Em um outro julgamento, realizado no fim de agosto, o procurador foi absolvido por prescrição, mas os conselheiros advertiram que a conduta não seria apropriada. O caso julgado era o do episódio conhecido como 'PowerPoint', quando ofereceu a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na opinião do CNMP, os procuradores não podem usar a estrutura do Ministério Público para atividades políticas.
Na Lava-Jato em São Paulo, sete procuradores solicitaram desligamento dos trabalhos na operação até o final deste mês. A lista inclui a coordenadora do grupo, Janice Ascari. Na saída, ainda acusaram a procuradora natural da operação de ter pedido para atrasar operações sem um motivo justificável.
(Com Estadão Conteúdo)