Funcionário em fábrica da Alstom: empresa é investigada por irregularidades no Brasil desde 2008 (Chris Ratcliffe/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2014 às 10h10.
São Paulo – A empresa Alstom reconheceu que pagou 4,85 milhões de francos em propina para vender equipamentos para a usina hidrelétrica de Itá, em Santa Catarina, em 1999.
A informação está em relatório de uma auditoria interna feita pela empresa, obtido pelo jornal Folha de S. Paulo e que faz parte da investigação aberta na França contra a Alstom.
Segundo o jornal, este é o primeiro documento oficial que admite o pagamento de suborno da Alstom no Brasil. Hoje, o valor da propina seria equivalente a R$ 6 milhões.
À época da construção da usina, a Eletrobras assinou contrato com o consórcio AAI (Associação de Autoprodutores Independente), formado pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), OPP Petroquímica e OPP Polietilenos (empresas do grupo Odebrechet) e a Companhia de Cimento Itambé.
De acordo com a Folha, sem quebra de sigilo não há como saber qual empresa recebeu o dinheiro. Ao jornal, a Alstom não quis comentar a auditoria interna. Eletrosul, CSN, Companhia de Cimento Itambé e as empresas do grupo Odebrechet também não quiseram se pronunciar.
Acusações em São Paulo
Na última sexta feira, o Ministério Público Federal denunciou 12 ex-diretores da Alstom à Justiça por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em contratos firmados entre 1998 e 2003 com o governo paulista, período das gestões de Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.
A Alstom já é investigada por práticas ilícitas no Brasil desde 2008. Recentemente, outro inquérito foi aberto contra a empresa por irregularidades na venda de equipamentos e serviços para o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), também em São Paulo.