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Áudios entre Bebianno e Bolsonaro desmentem versão de Carlos, revela VEJA

Mensagens trocadas na quarta-feira (13), quando a crise entre o agora ex-ministro e o presidente se iniciou, refutam versão de filho de Jair Bolsonaro

Bebianno com Bolsonaro: acabaram os sorrisos (Governo Transição/Divulgação)

Bebianno com Bolsonaro: acabaram os sorrisos (Governo Transição/Divulgação)

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Clara Cerioni

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 14h35.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2019 às 19h19.

São Paulo — Antes de demitir Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da República, Jair Bolsonaro e o agora ex-ministro trocaram uma série de mensagens escritas em áudios, via WhatsApp. Os registros foram revelados pelo site da revista VEJA, nesta terça-feira (19).

A conversa desmente a versão do presidente e de seu filho, Carlos, de que Bebianno havia mentido ao dizer ao jornal O Globo que não havia crise no governo, já que ele tinha falado "três vezes" com Bolsonaro na quarta-feira passada (13).

Na ocasião, Carlos publicou um tuíte dizendo dizendo que era “mentira absoluta” que Bebianno tivesse falado com seu pai. A postagem foi compartilhada pelo presidente.

Na mesma quarta-feira, em entrevista à Record, Bolsonaro reafirmou que era mentira que Bebianno tivesse falado com ele.

Gravações divulgadas pelo site da revista VEJA refutam essa versão.  Segundo a publicação, o ex-ministro falou com o presidente por meio de mensagens escritas e pelo menos treze mensagens de áudio naquele dia.

O conteúdo das conversas mostra que Bolsonaro estava irritado e impaciente, enquanto Bebianno tentava pacificar as coisas. A pauta dos diálogos é variada e abrange desde a TV Globo até uma viagem para a Amazônia. 

Uma das trocas de mensagens mostra Bolsonaro descontente pelo fato de Bebianno ter se encontrado com o vice-presidente de relações institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo.

"Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo [sic]", diz em um dos áudios revelados pela reportagem.

Depois, os dois discutem sobre uma possível viagem de Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Damares Alves, da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, ao Pará — assunto que havia sido publicado pelo site O Antagonista. 

"Gustavo, uma pergunta: 'Jair Bolsonaro decidiu enviar para a Amazônia'? Não tô entendendo. Quem tá patrocinando essa ida para a Amazônia? Quem tá sendo o cabeça dessa viagem à Amazônia? Um abraço aí, Gustavo, até mais", diz outra gravação enviada por Bolsonaro a Bebianno.

Só nesses dois tópicos, foram três mensagens — o que confirma a versão de Bebianno ao jornal O Globo.

Depois do tuíte de Carlos

A reportagem da VEJA mostra, ainda, que depois da publicação do filho do presidente, Bebianno e Bolsonaro começaram a trocar farpas, em tom de mágoa.

Primeiro, Bolsonaro sustenta a versão de seu filho: "[...] Agora: você não falou comigo nenhuma vez no dia de ontem. Ele esteve comigo 24 horas por dia. Então não está mentindo, nada, nem está perseguindo ninguém", diz o presidente.

Depois, Bebianno questiona a afirmação. "Há várias formas de se falar. Nós trocamos mensagens ontem três vezes ao longo do dia, capitão. Falamos da questão do institucional da Globo. Falamos da questão da viagem. Falamos por escrito, capitão. Qual a relevância disso, capitão? Capitão, as coisas precisam ser analisadas de outra forma. Tira isso do lado pessoal. Ele não pode atacar um ministro dessa forma. Nem a mim nem a ninguém, capitão. Isso está errado", afirma Bebianno.

A troca de farpas instalou a primeira grande crise do atual governo, que levou à exoneração de Bebianno nesta segunda-feira e um pedido público de desculpas de Jair Bolsonaro. Tudo isso às vésperas da apresentação da Reforma da Previdência ao Congresso, quando toda a articulação política do Palácio do Planalto será posta à prova.

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