Michel Temer (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2017 às 06h45.
Última atualização em 6 de setembro de 2017 às 07h45.
O “autogrampo” de Joesley Batista enfraqueceu a possibilidade de nova denúncia contra o presidente Michel Temer — cotada para ser enviada pela Procuradoria-Geral da República à Câmara dos Deputados ainda nesta semana.
Às Sete – um guia rápido para começar seu dia
Leia também estas outras notícias da seção Às Sete e comece o dia bem informado:
De acordo com os áudios, fica claro que o empresário e outros delatores do grupo J&F forneceram os bambus para flechas do procurador-geral Rodrigo Janot, mas guardaram alguns para si.
O dono da J&F sugere que o executivo do grupo Ricardo Saud faça uma delação pela metade, omitindo algumas das irregularidades da empresa, mesmo com o risco de ser posteriormente delatado pelas dezenas de pessoas para as quais pagou propina.
Nessa toada, o presidente Michel Temer chega nesta quarta ao Brasil, com seu argumento de defesa em alta. Ao longo de todo o processo da primeira denúncia, o presidente tentou desqualificar as palavras de Joesley.
Seu argumento, ainda que falho em determinados pontos — quando diz que tratam-se apenas de “ilações” —, coaduna-se com os áudios divulgados pela revista VEJA na terça.
Outro alvo de Temer foi o ex-procurador Marcelo Miller. No fim de junho, quando a primeira denúncia de Janot veio à público, o presidente insinuou que Miller “ganhou milhões em poucos meses” ao deixar a PGR e ingressar em escritório de advocacia que negociou acordo de leniência da J&F.
“[Miller] garantiu ao seu novo patrão um acordo benevolente, uma delação que o tira das garras de Justiça, que gera uma impunidade nunca antes vista”.
O nome de Miller é citado por Joesley, que diz que usaria o então procurador como uma ponte para chegar até Janot. Portanto, se a história for confirmada, Miller atuou para a JBS antes de se exonerar do cargo.
Desde segunda, a PGR debate o que fazer com o acordo de delação dos irmãos Batista. Espera-se que nesta quarta-feira o procurador-geral Janot esclareça qual será o procedimento depois da flechada no pé.
Ele garante que as provas colhidas não serão anuladas e as denúncias seguem seu curso. Se houver punição a Joesley pelos crimes omitidos, Temer terá conseguido vencer mais uma batalha.