Brasil

Atraso na obra do Rodoanel Leste é investigado pelo MP

A finalidade é apurar se o atraso implicará descumprimento contratual ou prejuízo público por parte da concessionária SPMar


	Trecho leste do Rodoanel: a empresa já comunicou que não conseguirá entregar os 43,8 km de estrada dentro do prazo contratual - 10 de março de 2014
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Trecho leste do Rodoanel: a empresa já comunicou que não conseguirá entregar os 43,8 km de estrada dentro do prazo contratual - 10 de março de 2014 (Germano Lüders/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2013 às 09h18.

São Paulo - O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou ontem, 2, inquérito civil para apurar se o atraso das obras no Trecho Leste do Rodoanel implicará descumprimento contratual ou prejuízo público por parte da concessionária SPMar.

A empresa já comunicou a Agência de Transportes de São Paulo (Artesp) que não conseguirá entregar os 43,8 km de estrada dentro do prazo contratual - 10 de março de 2014 -, conforme revelou a reportagem há duas semanas.

"A Promotoria do Patrimônio Público e Social vai investigar se o atraso do Trecho Leste, a despeito do recolhimento da tarifa de pedágio do Trecho Sul, evidencia ou não o descumprimento do contrato e possível prejuízo ao Estado", disse o procurador-geral de Justiça, Márcio Elias Rosa.

Enquanto constrói o Trecho Leste, a SPMar opera o Sul, no qual cobra pedágio desde agosto de 2011. As concessões são por 35 anos.

O inquérito foi instaurado com base em representação feita pelo deputado estadual Orlando Morando (PSDB), correligionário do governador Geraldo Alckmin.

"Não foi paga outorga onerosa nenhuma pelo Trecho Sul. A outorga se dá com a obra do Trecho Leste. Por isso, acho plausível que sejam bloqueados os valores arrecadados com pedágio no Sul, a fim de se garantir o pagamento de multa do Leste, uma vez que a SPMar já admitiu que não vai concluir a obra no prazo", disse.

No dia 18 de novembro, a reportagem revelou que o Trecho Leste será entregue inacabado em março. Dos 43,8 km que ligarão o Trecho Sul, em Mauá, à Rodovia Presidente Dutra, em Arujá, os 8 km entre a Rodovia Ayrton Senna e a Dutra serão concluídos até julho.

Responsável por fiscalizar as concessionárias de rodovias no Estado, a Artesp já emitiu 66 notificações, alertando a SPMar para os atrasos.


O contrato de concessão assinado em março de 2011 prevê multa de cerca de R$ 400 mil por dia de atraso, ou R$ 12 milhões por mês.

O documento estabelece que a concessionária execute 5% das obras no primeiro ano, 40% no segundo e 55% no terceiro e último ano, mas não prevê nenhum bloqueio do valor arrecadado com pedágio em caso de descumprimento do prazo contratual. Segundo balanço financeiro da SPMar, a receita com pedágio em 2012 foi de R$ 145,8 milhões.

Outro lado

Em nota, a SPMar afirmou que "irá aguardar a eventual notificação do MPE acerca do inquérito civil, a fim de tomar ciência de seus elementos, mas segue em ritmo forte para a conclusão da obra no primeiro semestre de 2014".

A concessionária afirmou também que "mantém os investimentos, com 100% de garantias prestadas pelos acionistas, superando R$ 1 bilhão, e sem onerar em um centavo dos cofres públicos, de maneira a deixar claro que o Trecho Sul e o Trecho Leste têm funcionamento independente e no contrato que rege ambos já estão previstas todas as sanções passíveis de serem aplicadas".

Segundo a SPMar, os atrasos foram causados pela demora nas liberações dos trechos da obra no entroncamento com a Rodovia Presidente Dutra por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), na parte final da estrada e na passagem subterrânea pela linha férrea sob responsabilidade da MRS Logística S.A., no trecho entre Mauá e Ribeirão Pires, na Grande São Paulo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:ConcessionáriasConcessõesIrregularidadesMinistério PúblicoPrivatizaçãoRodoanelTransportestransportes-no-brasil

Mais de Brasil

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdemar