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Ato contra crimes da ditadura reúne estudantes e índios

Estudantes e militantes de direitos humanos que pediam punição para crimes da ditadura e índios retiradaos do museu do índio se uniram em protesto


	Aldeia Maracanã: o índio Anajé Aruak fez um discurso em que pediu atenção à causa e protestou: "Vários parentes indígenas foram assassinados durante a ditadura e ninguém fala disso".
 (Tânia Rêgo/ABr)

Aldeia Maracanã: o índio Anajé Aruak fez um discurso em que pediu atenção à causa e protestou: "Vários parentes indígenas foram assassinados durante a ditadura e ninguém fala disso". (Tânia Rêgo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2013 às 22h09.

Rio de Janeiro - Estudantes e militantes de direitos humanos foram nesta segunda-feira à Cinelândia, em frente ao Clube Militar, pedir punição para os crimes da ditadura e acabaram se desentendendo com outros manifestantes, defensores da comunidade indígena Aldeia Maracanã, removida pelo governo do Estado por causa das obras no entorno do estádio, na zona norte. O protesto estava no início quando chegaram os representantes da Aldeia Maracanã, retirada do prédio do antigo museu do índio há dez dias pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Com faixas contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), o grupo da aldeia passou a gritar palavras de ordem durante os discursos de apoio à Comissão Nacional da Verdade e pelo esclarecimento e punição das torturas e desaparecimentos de presos políticos. Os defensores dos índios criticavam a presença de militantes do PC do B, partido que faz parte da base do governador: "Apoia a ditadura quem apoia o Cabral".

Os organizadores do ato contra a tortura reagiram. Houve bate-boca, empurra-empurra e por pouco manifestantes de um lado e de outro não partiram para o confronto físico. Finalmente conseguiram se entender e entoaram juntos "o povo unido jamais será vencido". O clima tenso, no entanto, não se desfez completamente. Somando os dois grupos de manifestantes, cerca de cem pessoas se reuniram na Cinelândia, com o reforço de uma militante do grupo Femen, que tem como marca registrada o protesto com seios à mostra.

O índio Anajé Aruak fez um discurso em que pediu atenção à causa e protestou: "Vários parentes indígenas foram assassinados durante a ditadura e ninguém fala disso". "A gente sempre participa de atos contra a ditadura, somos contra a ditadura do passado, mas também a do presente. O PCdoB participar (do governo Cabral e do protesto) é uma contradição. Eles nunca se pronunciaram sobre a Aldeia Maracanã", reclamou Fernando Soares, morador da favela de Manguinhos que se uniu à causa dos índios.

"Faz parte da democracia, nem todo mundo pensa igual. Temos que identificar nossos inimigos e eles não estão aqui neste ato. Também sou contra a retirada da Aldeia Maracanã, mas cada um tem que saber onde reivindicar o quê. Este é o momento de reivindicarmos nossos mortos e não de ver quem é mais ou menos revolucionário", disse o estudante de pedagogia Vinícius Musso, um dos militantes que levavam a bandeira do PCdoB.

Cartazes espalhados no chão exibiam imagens de vítimas da repressão. "Até hoje a família Angel não tem o corpo do Stuart para velar, prantear, enterrar. Aproveito para fazer deste manifesto um velório", disse a jornalista Hildegard Angel, irmã de Stuart Angel, um dos desaparecidos homenageados no ato público.

Ao contrário do ano passado, quando a manifestação contra a ditadura na Cinelândia coincidiu com um ato organizado por militares em comemoração ao movimento de 1964 e houve confronto entre manifestantes e PMs, desta vez não havia qualquer evento na sede central do Clube Militar. Estava previsto para o fim da tarde, na sede da Lagoa (zona sul), o lançamento do livro "Um caldeirão chamado 1964", do jornalista Aristóteles Drummond.

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