Baixa umidade do ar, entre 20% e 30%, também preocupa especialistas (Tânia Rêgo/ABr)
Redação Exame
Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 17h15.
A onda de calor que atinge o Rio Grande do Sul deve persistir até quarta-feira, 12, quando chuvas podem amenizar as temperaturas . Enquanto isso, o estado enfrenta impactos severos na agricultura, com 99 municípios em estiagem, e na educação, com o adiamento do início do ano letivo em diversas cidades.
Na segunda-feira, 10, Porto Alegre registrou 37,9°C, tornando-se a capital mais quente do país naquele dia, superando cidades como Rio de Janeiro (35,5°C) e João Pessoa (32,8°C). No interior, cidades como Uruguaiana (40,4°C) e Santiago (40,1°C) também tiveram temperaturas extremas. Já em Quaraí, na Fronteira Oeste, os termômetros atingiram 43,8°C, a maior temperatura do estado em mais de um século .
O calor intenso e a falta de chuvas já impactam a produção agrícola do estado. Segundo a Defesa Civil, 78 municípios já decretaram situação de emergência devido à estiagem. O fenômeno ameaça safras como soja e milho, que dependem de umidade no solo nesta fase do ciclo produtivo.
Especialistas associam a seca ao fenômeno climático La Niña, que resfria as águas do Oceano Pacífico e provoca estiagem no Sul do Brasil. O professor Gilberto Collares, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), alerta que eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes devido às mudanças climáticas e ao desmatamento.
O calor também afetou a rede estadual de ensino, levando ao adiamento do início das aulas. O Cpers-Sindicato, que representa mais de 80 mil professores, conseguiu uma liminar na Justiça adiando o retorno até 17 de fevereiro, sob o argumento de que a maioria das escolas não tem estrutura para suportar as altas temperaturas.
O governo do estado tentou reverter a decisão, alegando que 27,3% das escolas possuem ar-condicionado, mas o pedido ainda aguarda julgamento. Na rede municipal, ao menos sete cidades, como Canoas, Viamão e Santana do Livramento, também adiaram o início do ano letivo.
Além das temperaturas elevadas registradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), medições feitas no Parque Harmonia, em Porto Alegre, mostraram números ainda mais extremos. Um termômetro marcou 61°C sobre o asfalto e 62°C sobre brita asfáltica, enquanto áreas arborizadas próximas registraram 31°C, uma diferença de mais de 30°C.
Especialistas atribuem a alta temperatura ao desmatamento e à impermeabilização do solo, que agravam o efeito de ilha de calor. A concessionária responsável pelo parque, GAM3 Parks, minimizou a polêmica, afirmando que "toda a cidade está sofrendo com o calor".
A baixa umidade do ar, entre 20% e 30%, aumenta o risco de problemas respiratórios e doenças crônicas. O Inmet mantém um alerta vermelho, com temperaturas até 5°C acima da média histórica.
Nesta terça-feira, 11, cidades como Barra do Quaraí, Alegrete e Itaqui devem registrar máximas entre 39°C e 40°C. A expectativa é de que as chuvas cheguem na quarta-feira (12), reduzindo as temperaturas, mas especialistas alertam que novas ondas de calor podem ocorrer ainda em fevereiro.