Roberto Civita, presidente do Conselho da Editora Abril, Alan García, ex-presidente do Peru, e Fernando Henrique Cardoso na Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (Amanda Previdelli/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2012 às 07h42.
São Paulo – “A liberdade de expressão tem mais importância como defesa da democracia porque nossa democracia se mostra imperfeita diariamente”. A fala é de Alan García, ex-presidente do Peru, em evento da Sociedade Interamericana de Imprensa, em São Paulo.
Garcia participou do debate "Liberdade de expressão e direito à informação: direitos naturais", apresentado por Roberto Civita, presidente do conselho editorial da Editora Abril, e que contou com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo García, os governos usam estratégias de denunciar os meios de comunicação vinculando-os a certos interesses econômicos “burgueses”. “É uma estratégia clara. A tática é utilizar uma linguagem agressiva e até grotesca e a população consome o discurso e vê ali uma iniciativa de enfrentamento a um grupo econômico que, segundo o discurso, está ligado ao meio de comunicação”, diz.
Para García, o estatismo comunicacional “é o ópio do povo neste momento”. Ele afirma que a liberdade de imprensa é imprescindível não só para a democracia, mas como um direito básico e inalienável do ser humano.
“Vemos na América Latina uma cultura do espetáculo. Alguns políticos acabam recebendo muita popularidade ao atacar a imprensa. Antes, a imprensa dizia que atacar os políticos chamaria mais leitores. Agora, esses governantes perceberam que atacar a imprensa e chama-la de monopolista e rica traz mais votos”, disse.
Segundo o ex-presidente, a mídia se regula por si mesma e, por isso, não faz sentido que o governo tente legislar sobre ela. “Sempre achei que você não pode culpar o mensageiro quando ele traz algo verdadeiro e real. O meio de comunicação é tão plural e variado que não faz sentido se dizer contra ‘a imprensa’ de maneira tão abrangente”, diz.