Brasil

"Associações não nos representam", diz caminhoneiro na rodovia Dutra

Motoristas dizem que querem ser recebidos pessoalmente pelo governo em Brasília, e que a mobilização continua a ganhar força por mensagens de WhatsApp

Caminhoneiros: Polícia Rodoviária Federal informou que só são multados os veículos em vias e acostamentos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Caminhoneiros: Polícia Rodoviária Federal informou que só são multados os veículos em vias e acostamentos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de maio de 2018 às 15h36.

Rio - Caminhoneiros concentrados nesta terça-feira, 29, no km 204 da rodovia Presidente Dutra, na altura do município de Seropédica, disseram que não se sentem representados por associações que negociaram o fim da greve com o governo federal, e que não deixarão a estrada até o preço dos combustíveis não baixar na bomba.

Eles afirmaram que querem ser recebidos pessoalmente pelo governo em Brasília, e que a mobilização continua a ganhar força por mensagens de WhatsApp.

"Os sindicatos só representam os patrões. O (presidente Michel) Temer não recebeu o bandido da JBS de noite? Por que não a gente? Não vamos sair daqui. Não saiu no Diário oficial a redução do combustível, não baixou na bomba. Temos 500 caminhões desse lado da Dutra e 500 do outro. Aqui temos famílias, crianças, mas somos tratados como criminosos. A pista e o acostamento estão liberados, e estamos numa área particular, cedida, então eles não podem multar ninguém", disse Marcos Santos, uma das lideranças do grupo. Ele está na Dutra há nove dias. A Polícia Rodoviária Federal informou que só são multados os veículos em vias e acostamentos.

Já outros caminhoneiros ouvidos pela reportagem demonstraram cansaço. Eles contabilizam perdas pelos dias parados. "Todo mundo quer voltar a trabalhar. O prejuízo é enorme. Se eu achasse que ficar uma semana baixaria mais o combustível, até ficava. Mas o governo não vai recuar mais", lamentou José Carvalho, dono de dois caminhões de transporte de ferro. Um está parado na Dutra, outro na Rio-Santos. Ele se reveza com um funcionário na vigília. Nesta terça, pediu escolta policial para voltar para a capital, com medo de ataques aos veículos - nesta madrugada, chegaram relatos de caminhões apedrejados.

Na Dutra há sete dias, o caminhoneiro Edmilson da Silva, de 47 anos, em atividade já 30 e atualmente transportando produtos para as Lojas Americanas, se disse "exausto".

"Já mandamos nosso recado. Não aguento mais. Não estamos satisfeitos mas não conseguiremos mais nada. O governo achou que não teríamos fôlego para mais de dois ou três dias, e aqui estamos nós. Só que estamos perdendo muito dinheiro. Tem gente que recebe R$ 150 por dia e agora recebeu zero. É uma vida muito difícil, que agora o Brasil todo conhece".

Acompanhe tudo sobre:CaminhoneirosCombustíveisGreves

Mais de Brasil

Documento de recém-nascido incluirá 'parturiente' para contemplar população trans, decide STF

MPF pede revogação de medida que barra entrada de migrantes sem visto e limita concessão de refúgio

CGU solicita documentos à Aneel para embasar auditoria sobre apagão em São Paulo

Nunes tem 51% e Boulos, 33%, no segundo turno em SP, diz Datafolha