Flávio Bolsonaro: senador convocou vigília no endereço do pai, em Brasília
Redação Exame
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 08h27.
Na véspera da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL) usou as redes sociais para convocar uma vigília pelo pai em Brasília. A publicação motivou a ordem de prisão preventiva do ex-presidente neste sábado, 22, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
"Eu te convido para uma vigília que começa nesse [sic] sábado, dia 22 de novembro, a partir das 7 da noite aqui no balão do Jardim Botânico, na altura do condomínio do meu pai", disse o senador, no vídeo publicado no final da tarde de ontem, 21.
O endereço do ex-presidente na capital federal é o Condomínio Solar de Brasília II, onde Bolsonaro cumpria prisão domiciliar desde o último dia 4 de agosto.
"Para orarmos pela saúde dele e pela volta da democracia no nosso país. Vamos pedir a Deus que aplique a sua justiça aos que perseguem tanta gente inocente e ajudam os verdadeiros bandidos", afirmou Flávio, na convocação on-line. Até a publicação desta reportagem, o vídeo ainda estava no perfil do senador no X, ex-Twitter.
Vamos invocar o Senhor dos Exércitos!
A oração é a verdadeira armadura do cristão. É por meio dela que vamos vencer as injustiças, as lutas e todas as perseguições. Tenho um convite especial para você: assista ao vídeo até o final!VIGÍLIA PELA SAÚDE DE BOLSONARO E PELA… pic.twitter.com/cYeWu7WG6p
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) November 21, 2025
A decisão de Moraes diz que "os elementos informativos apresentados evidenciam a possibilidade concreta de que a vigília convocada ganhe grande dimensão, com a concentração de centenas de adeptos do ex-presidente nas imediações de sua residência".
O texto também apontou para a possibilidade da vigília se estender por muitos dias, como ocorreu após o resultado das eleições de 2022, quando os apoiadores de Bolsonaro montaram acampamento na porta dos quartéis.
Jair Bolsonaro foi preso preventivamente. Não se trata ainda do cumprimento de pena. Bolsonaro já estava em prisão domiciliar desde agosto, mas a nova decisão do STF determinou a detenção do ex-presidente. Ele foi levado à Superintendência da PF em Brasília e ficará em uma sala de Estado, espaço reservado para autoridades como presidentes da República. O espaço é semelhante ao que ficou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Curitiba, quando foi preso pela Lava Jato.
Moraes afirmou ainda que a vigília representava um risco de fuga, uma vez que foi informado pela PF que a tornozeleira eletrônica de Bolsonaro foi violada.
"A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela
manifestação convocada por seu filho", diz a decisão de Moraes.
O ministro disse ainda na decisão que o vídeo de Flávio Bolsonaro usa o mesmo "modus operandi da organização criminosa que tentou um golpe de estado em 2022".
"Utilizando a metodologia da milícia digital para disseminar por múltiplos canais mensagens de ataque e ódio contra as instituições", disse.
Bolsonaro foi condenado, no dia 11 de setembro, a 27 anos e três meses de prisão, por tentativa de golpe de Estado. Os demais sete réus também foram considerados culpados e condenados a penas entre dois e 26 anos de prisão.
A ordem de prisão ocorre após o STF rejeitar os recursos da defesa do ex-presidente e os advogados pedirem que o cumprimento da pena ocorra em prisão domiciliar.
A defesa de Bolsonaro informou à EXAME que ainda não teve acesso ao documento que decretou a medida e por isso não iria comentar.