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Assassinatos causados por policiais superam latrocínios, diz Ipea

Veja em quais estados a diferença entre as mortes causadas pela polícia e os latrocínios é maior

Policial atira bomba de gás em manisfestantes em São Paulo em 12 de junho de 2014, dia de abertura da Copa (REUTERS/Marco Bello/Reuters)

Policial atira bomba de gás em manisfestantes em São Paulo em 12 de junho de 2014, dia de abertura da Copa (REUTERS/Marco Bello/Reuters)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 22 de junho de 2017 às 12h30.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h08.

São Paulo — Os policiais mataram mais que os ladrões em 2015, segundo pesquisa do Ipea divulgada no início do mês. O número de latrocínios (roubos seguidos por morte) no Brasil em 2015 foi de 2.314; as mortes por intervenção policial foram 3.320.

O dado leva em consideração só os casos em que um roubo culminou em morte, e não o total de homicídios, que foi bem mais alto (59 mil, de acordo com o levantamento).

Em números absolutos, os estados onde a polícia mais mata são, na ordem, São Paulo (848 mortes), Rio de Janeiro (645 mortes) e Bahia (299).

Dos 3.320 assassinatos causados por policiais em 2015 no país inteiro, 53,5% foram em serviço (um total de 1.778 mortes); cerca de 13,7% fora do serviço (455 mortes); e as outras 1087 não foram especificadas no relatório do Ipea, já que alguns estados não divulgam os dados detalhados.

Quando se considera a diferença entre mortes por policiais e latrocínios, o Rio de Janeiro é o estado que lidera: a polícia matou quase cinco vezes mais do que os ladrões.

Foram 645 mortes por policiais, contra 133 mortes por latrocínio, uma diferença de 512 mortes. O Rio não diferencia as mortes provocadas por policiais em serviço e fora de serviço em seus relatórios.

O índice de São Paulo também é expressivo, de 848 mortes por policiais contra 356 por latrocínio, mais que o dobro.

Na maior parte dos estados analisados, no entanto, o número de latrocínios foi maior do que o de mortes por policiais. Grande parte da diferença nacional se explica apenas pelos dados de Rio, São Paulo, Paraná e Bahia.

Alerta

No Atlas da Violência, compilado pelo Ipea com dados do IBGE e do Ministério da Saúde, os pesquisadores alertam para a conivência da sociedade com um uso abusivo do poder da polícia e com execuções sumárias.

A pesquisa cita a condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em relação às chacinas na favela do Alemão em 1994 e 1995, mas cujo resultado só saiu em fevereiro deste ano.

O país será obrigado a publicar um relatório sobre as mortes causadas por policiais em todos os estados. Além disso, terá um ano para garantir que esses casos sejam investigados por um órgão independente da força pública envolvida, uma autoridade judicial ou o Ministério Público (MP).

Veja os estados onde a diferença é maior:

EXAME.com calculou a diferença entre as mortes causadas por policiais, fornecidas pelo Atlas da Violência, e os latrocínios de cada estado, dado do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum de Segurança Pública.

Na tabela, os números negativos significam que há mais mortes por latrocínio do que por policiais.

LocalPoliciaisLatrocíniosDiferença
Brasil33202.3141006
Rio de Janeiro645133512
São Paulo848356492
Paraná241117124
Bahia29920792
Alagoas975443
Amapá381721
Ceará866521
Rio Grande do Norte765818
Mato Grosso do Sul45369
Goiás1411374
Minas Gerais1051032
Maranhão1171170
Roraima69-3
Sergipe4347-4
Tocantins59-4
Santa Catarina6370-7
Pará180191-11
Espírito Santo2437-13
Paraíba1530-15
Rondônia715-23
Piauí1847-29
Amazonas4576-31
Rio Grande do Sul107140-33
Distrito Federal1049-39
Mato Grosso868-60
Pernambuco51116-65
Acre-10sem dados

 

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