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Assassinato de Marielle Franco pode estar próximo de ser solucionado

Após dez meses da morte da vereadora do PSOL e de seu motorista, investigadores dizem que devem chegar a uma conclusão até "o final deste mês"

Marielle: vereadora do PSOL foi assassinada no Rio de Janeiro, em 14 de março de 2018 (Pilar Olivares/Reuters)

Marielle: vereadora do PSOL foi assassinada no Rio de Janeiro, em 14 de março de 2018 (Pilar Olivares/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 12 de janeiro de 2019 às 14h50.

Última atualização em 12 de janeiro de 2019 às 14h56.

São Paulo — Dez meses depois, os assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, podem estar próximos de serem solucionados.

Foi o que afirmou o novo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, em entrevista coletiva neste sábado (12).

"O caso Marielle está próximo sim de uma solução, não tenho atribuição legal para olhar os autos do processo que estão sob sigilo. Só quem pode ter isso são os delegados lotados na delegacia. A informação que eu tenho é a que a solução do caso e a prisão dos envolvidos talvez aconteça até o final desse mês. Agora quem está envolvido, eu não sei", disse ele.

De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal O Dia também neste sábado, a Polícia Civil tem provas de que os assassinos de Marielle e Anderson fazem parte dos quadros da Segurança Pública do Rio de Janeiro.

O crime, diz a publicação, teria sido cometido por servidores da ativa e outros que já foram excluídos.

Fontes do governo afirmaram para o jornal que "os criminosos fazem parte do grupo conhecido como 'Escritório do crime' e agiram nos moldes da Deep Web, zona da internet onde o usuário tem mais facilidade para manter o anonimato e, assim, cometer crimes".

Os policiais sabem que havia três homens no carro Cobalt prata clonado usado para o assassinato ocorrido em 14 de março de 2018: o motorista, um carona e outro homem no banco de trás, que efetuou os disparos.

Uma assessora de Marielle estava no banco de trás do carro atingido e saiu ilesa.

Investigações

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Richard Nunes, disse há cerca de um mês que a vereadora foi morta porque milicianos acreditaram que ela poderia atrapalhar os negócios ligados à grilagem de terras na zona oeste carioca. Segundo ele, o crime estava sendo planejado desde 2017.

Em dezembro, o departamento da Divisão de Homicídios da Polícia Civil realizou as primeiras prisões envolvendo o caso de Marielle. Os alvos foram milicianos.

Crime

Quinta vereadora mais votada nas eleições municipais de 2016, Marielle Franco, 38 anos, foi morta no bairro de Estácio, no Rio de Janeiro.

As trajetórias das balas e a precisão indicam que os criminosos sabiam onde Marielle estava sentada e visavam a vereadora. A hipótese de um assalto ou latrocínio foi descartada.

Marielle atuava defendendo os direitos humanos e os direitos das mulheres, dos negros e das pessoas LGBTI.

Também denunciava os abusos e crimes cometidos por policiais e outros agentes do estado nas comunidades cariocas.

Um ponto que pode ajudar a entender a demora na solução do crime é a suspeita de que forças que estariam agindo para impedir as investigações.

No começo de novembro, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou que a Polícia Federal investigaria a existência de um grupo criminoso que estaria agindo para atrapalhar e impedir as investigações do crime.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, foi quem pediu a investigação, a partir do depoimento de duas pessoas que estariam ligadas ao crime.

Segundo o jornal O Globo, uma dessas testemunhas seria o ex-policial militar Orlando de Oliveira Araújo, atualmente preso no Rio Grande do Norte.

Ele teria dito em depoimento que não tinha nada a ver com as mortes, mas que sabia que a Polícia Civil do Rio não tinha interesse em investigar o caso e que havia pagamento de dinheiro a agentes públicos para impedir as investigações.

(Com Estadão Conteúdo)

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