Publicado em 29 de outubro de 2025 às 11h49.
Última atualização em 29 de outubro de 2025 às 12h07.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou que a megaoperação realizada na terça-feira, 28 — a mais letal da história do estado — foi um "sucesso".
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira, 29, Castro disse que a única ressalva da ação foi a morte de quatro agentes da polícia. Segundo a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, 132 pessoas morreram durante confrontos.
"Temos muita tranquilidade de defendermos tudo o que foi feito ontem", afirmou o governador.
Após megaoperação, moradores levam corpos para praça no RioCastro também disse que aguarda um contato do governo federal para concretizar a proposta de enviar um representante ao Rio de Janeiro. Ele afirmou que nenhum membro do governo estadual pretende "transformar este momento em uma batalha política".
"O Rio de Janeiro não tem receio algum de ser fiscalizado ou de explicar o que ocorreu. Ontem, foi realizada uma operação de cumprimento de mandado judicial", disse. De acordo com Castro, as "decisões judiciais transformaram o Rio de Janeiro em um bunker".
"Aquele que não reconhecer que este é o maior problema do Brasil hoje, em breve precisará revisar suas declarações e pedir desculpas à sociedade. O epicentro desta crise de segurança pública que aflige o Brasil é o Rio de Janeiro", afirmou.
O governador afirmou que a operação foi planejada de forma a garantir que "a população não fosse prejudicada".
"As únicas vítimas que registramos ontem foram os policiais", disse. "Apesar das perdas, a operação foi bem-sucedida. Tirando as mortes dos policiais, foi um sucesso", completou.
Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, relataram que 56 corpos foram levados durante a madrugada desta quarta-feira, 29, para a Praça São Lucas, no Rio de Janeiro.
Segundo os relatos, os cadáveres foram retirados da mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, região onde ocorreram os principais confrontos entre policiais e traficantes durante a operação na terça-feira, 28, que se tornou a mais ação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.
Por volta das 3h da manhã, os primeiros corpos começaram a chegar à praça. Nas horas seguintes, outros novos cadáveres foram trazidos por moradores em caçambas de caminhonetes. Às 7h30, ainda havia movimentação no local.
Pouco antes das 8h, três rabecões da Polícia Civil chegaram à praça. A maior parte dos corpos foi deixada coberta por lençóis e cobertores enquanto moradores se aproximavam para tentar identificar as vítimas.
Megaoperação é a mais letal da história do RJ; ao menos 64 morreramA operação deixou 132 mortos, segundo a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, sendo quatro policias.
Ainda não há confirmação se os corpos levados pelos moradores estão incluídos no balanço. Relatos apontam que ainda haveria mortos no alto do morro, na região da Serra da Misericórdia.
O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou ao g1 que a corporação vai investigar o caso.
A megaoperação, batizada de Contenção, foi deflagrada na terça-feira, 28, e mobilizou 2,5 mil agentes civis e militares nos complexos do Alemão e da Penha, em uma tentativa de conter o avanço do Comando Vermelho (CV) sobre 26 comunidades da capital, segundo o governo do estado.
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A Operação Contenção foi deflagrada a partir de investigações conduzidas pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, que monitoravam há meses a atuação do Comando Vermelho. Segundo o governo estadual, a facção criminosa planejava expandir sua área de influência em comunidades consideradas estratégicas para o tráfico de drogas e armas na capital.
As apurações identificaram líderes e rotas utilizadas pelo grupo, além de movimentações logísticas em regiões como os complexos do Alemão e da Penha — áreas que concentram 26 comunidades com histórico de domínio por facções. Diante da escalada da violência e da ameaça ao controle territorial, os dois complexos foram definidos como alvos prioritários da ofensiva.
"É uma investigação de mais de um ano. Foram mais de 60 dias de planejamento das polícias Civil e Militar, da Secretaria de Segurança Pública e do Ministério Público.
É uma operação do Estado contra narcoterroristas", disse Cláudio Castro, governador do Rio, durante uma coletiva de imprensa sobre a ação.
Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, Edgar Alves de Andrade — conhecido como Doca — é apontado como o líder do CV na Penha e em outras comunidades da Zona Oeste da cidade. A denúncia do MP relata que outros suspeitos também exerciam cargos de liderança no grupo, como Pedro Paulo Guedes, conhecido como Pedro Bala; Carlos Costa Neves, o Gadernal; e Washington Cesar Braga da Silva, o Grandão.
De acordo com a pasta, eles eram responsáveis pela emissão de ordens para a comercialização de drogas, determinavam as escalas no pontos de venda dos entorpecentes e ordenavam execuções de participantes que pudessem ir contra seus comandos.
Outros 15 homens também foram denunciados pelo MP-RJ.