A eventual proibição de distribuição de sopa a moradores de rua nas vias de São Paulo foi apenas a última das várias polêmicas em que Kassab se envolveu como prefeito (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2012 às 15h59.
São Paulo – O fato de Gilberto Kassab (PSD) vir a público para explicar que não haverá proibição de distribuição de sopa a moradores de rua talvez encerre mais uma das polêmicas de sua gestão à frente da Prefeitura de São Paulo.
Desde que assumiu, em 2006, ele não pode dizer que seja a primeira.
De merenda a feiras livres, Kassab soube como poucos motivar debates acalorados nas ruas e, principalmente, nas mídias sociais. Ontem, foi difícil não trombar com o assunto no Twitter ou no Facebook. Na grande maioria, os comentários eram críticos à medida.
Confira abaixo outras questões polêmicas na gestão do prefeito. Parte delas delas sofreu o mesmo trâmite que hoje parece ser o destino provável da história do sopão. Diante da repercussão negativa, a gaveta.
Merendas
Uma palavra que simboliza polêmica para a gestão Kassab é “merenda”. E não só por causa de denúncias sobre a existência de uma máfia que fraudava licitações em todo o estado, incluindo a capital. Em pelo menos duas ocasiões, a alimentação escolar esteve no centro das discussões dos paulistanos. E em uma delas, Kassab recuou diante da má repercussão.
Em 2007, a Prefeitura aceitou pedido da Nestle para diminuir a quantidade de nutrientes exigida pelo governo para a sopa da merenda. O alimento seria oferecido a pais e alunos nos encontros conhecidos como Sábado na Escola. A previsão dos nutricionistas do município era que as sopas tivessem 7 kg de carne em 100 quilos do produto, número que então caiu para 0,5 quilo.
Kassab não voltou atrás e, a uma rádio, declarou à época que se tratava de uma decisão “técnica” e uma sugestão “transparente” por parte da empresa.
Já em relação à diminuição no número de refeições, cerca de dois anos depois, não teve jeito. O recuo ocorreu no mesmo dia em que foi descoberto que a Secretaria de Educação diminuiria de cinco para quatro as refeições feitas pelas crianças nas creches da cidade. Os pais tinham que optar se os filhos teriam café-da-manhã ou jantar.
O potencial político bombástico já era previsível, mas Kassab não ajudou a si próprio quando disse que fazia “tão mal à saúde comer demais quanto comer de menos”. Segundo a Secretaria de Educação, a decisão, que acabou não ocorrendo, era técnica e refletia o fato de que o tempo de permanência das crianças na creche havia diminuído de 12 para 10 horas.
Feiras livres
Organizar as chamadas feiras livres foi uma das metas da gestão de Gilberto Kassab, começando pelo decreto 48.172, de 2007. Mas mexer em um dos símbolos da cultura da cidade não ocorreu sem percalços.
Um dos primeiros embates com os feirantes foi a proibição dos gritos, uma espécie de lei do silêncio da feira. O recuo foi anunciado no mês de abril apenas uma semana depois que os cidadãos haviam adquirido o direito de denunciar feirantes mais empolgados. A classe comemorou com o “Dia do Grito”.
Depois, todo mundo deve que comer em pé nas feiras, porque a fiscalização se concentrou contra as mesas e banquinhos de plásticos, que foram proibidos.
Já em 2010, a polêmica foi obrigar as feiras a fecharem uma hora mais cedo. O horário limite de funcionamento passou de 13h30 para 12h30, e às 14h toda a estrutura já deveria estar desmontada, contra 15h antes. No começo, muita gente reclamou, mas desta vez a decisão foi mantida, embora Kassab tenha dado sinais em entrevistas de que poderia recuar mais uma vez, o que acabou não ocorrendo.
Limpeza urbana
No mesmo mês em que a prefeitura anunciou que não haveria corte em uma das refeições da merenda, em 2009, Kassab teve o desgosto de voltar atrás também em relação aos cortes de 20% na verba de limpeza urbana, o que fez as empresas pagas pela prefeitura iniciarem uma série de demissões.
Com a saída de quase 600 garis, a categoria iniciou uma greve que causou acúmulo de lixo na cidade. Diante do cenário adverso, a prefeitura voltou atrás na ideia de cortar despesas.
Jornal
Os paulistanos correram o risco de ficar sem receber jornais gratuitos em outubro de 2007, um mês após a primeira polêmica das merendas. Uma lei enviada pela prefeitura e aprovada pela Câmara proibia a distribuição nas ruas de panfletos, folhetos e jornais com menos de 80% de conteúdo jornalístico.
Kassab disse que a lei havia sido mal-interpretada e, diante da má repercussão e da incerteza que se abateu sobre jornais gratuitos e de bairro, enviou novo texto à Câmara alterando o artigo que havia causado o imbróglio, segundo o Portal Comunique-se.