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As evidências que a Justiça diz ter contra Lula

O ex-presidente ficou sob fogo cruzado nesta sexta-feira depois que a polícia fez buscas em sua casa e o levou para depor sobre o escândalo na Petrobras


	Lula: o ex-presidente ficou sob fogo cruzado nesta sexta-feira depois que a polícia fez buscas em sua casa e o levou para depor sobre o escândalo de corrupção na Petrobras
 (Andressa Anholete / AFP)

Lula: o ex-presidente ficou sob fogo cruzado nesta sexta-feira depois que a polícia fez buscas em sua casa e o levou para depor sobre o escândalo de corrupção na Petrobras (Andressa Anholete / AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2016 às 18h06.

São Paulo - Os procuradores que investigam Luiz Inácio Lula da Silva detalharam nesta sexta-feira suas principais suspeitas sobre "possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro" contra o ex-presidente (2003-2010), uma das personalidades políticas mais importantes da América Latina.

Lula ficou sob fogo cruzado nesta sexta-feira depois que a polícia fez buscas em sua casa e o levou para depor sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, que desviou mais de dois bilhões de dólares da empresa.

A seguir, os principais trechos do comunicado em que o Ministério Público do Paraná (sul), encarregado da investigação, detalha suas suspeitas:

"Há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu dinheiro do esquema da Petrobras por meio do envio e da reforma do apartamento triplex e de um sítio em Atibaia (São Paulo), da entrega e móveis de luxo nas duas propriedades e do armazenamento de bens por uma empresa de transporte. Também são investigados pagamentos feitos ao ex-presidente de parte de empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e conferências".

"Acumulam-se evidências muito consistentes de que o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras beneficiava empresas que enriqueciam às custas do Estado, diretores da Petrobras que vendiam favores, lavadores profissionais de dinheiro que entregavam suborno e políticos e partidos que sustentavam os diretores da Petrobras e em troca recebiam a maior parte dos subornos, que os enriqueciam e financiavam suas campanhas".

"Este grande esquema era coordenado pelas cúpulas e lideranças dos partidos políticos que integravam a coalizão do governo federal, especialmente o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Progressista (PP) e o PMDB".

"Lula, além de líder partidário, era o responsável final da decisão sobre quais seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos crimes. De fato, surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua força política. Mais recentemente, inclusive, surgiram na investigação referências ao nome de Lula como alguém cuja atuação foi relevante para o êxito da atividade criminosa".

Há indícios de que Lula "recebeu em 2014 pelo menos um milhão de reais (263.000 dólares) sem justificativa aparente lícita de (a construtora) OAS por meio de reformas e móveis de luxo em um apartamento tipo triplex, número 164-A, do Condomínio Solaris, em Guarujá. Apesar de o ex-presidente ter alegado que o apartamento não era seu por estar em nome de uma empresa, várias provas dizem o contrário".

"Há evidências de que a OAS pagou despesas elevadas para reformar o apartamento (mais de 750.000 reais), custeou móveis de luxo para a cozinha e os quartos (cerca de 320.000 reais) e que tudo ocorreu de forma inusual e com a participação do próprio presidente da OAS, Leo Pinheiro".

"Existe a suspeita de que a reforma e os móveis constituem suborno de favores ilícitos da OAS no esquema da Petrobras, empresa cujos executivos já foram condenados por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato".

"O ex-presidente Lula, em 2010, adquiriu dois sítios em Atibaia, mediante pessoas interpostas, no valor de 1,59 milhão de reais, tendo fortes indícios de que, 2010 e 2014, recebeu pelo menos 770.000 reais sem justificativa econômica lícita de (o empresário) José Carlos Bumlai e das empresas Odebrecht e OAS".

"Surgiram fortes indícios de pagamentos dissimulados de aproximadamente 1,3 milhão de reais da empresa OAS em favor do ex-presidente entre 1/1/2011 e 01/2016 para o armazenamento de itens retirados do Palácio do Planalto quando terminou seu mandato".

Também são investigados pagamentos "feitos por construtoras beneficiárias do esquema da Petrobras em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras (empresa na qual o ex-presidente tem 98% e o presidente do Instituto Lula Paulo Okamoto tem 2%, segundo a procuradoria)".

"A maior parte do dinheiro que entrou nas duas empresas, entre 2011 e 2014, veio de empresas do esquema da Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC".

"No Instituto Lula foram 20,7 dos 35 milhões (de reais) que entraram. No LILS, 10 dos 21 milhões" (de reais).

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