As cidades que cancelaram o Carnaval porque não têm água
Ao menos nove prefeituras resolveram cancelar a festa por conta da falta d’água. A maioria está em Minas Gerais, mas também há municípios de São Paulo na lista.
Sem folia (Hesíodo Góes/PCR)
Mariana Desidério
Publicado em 8 de fevereiro de 2015 às 06h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h51.
São Paulo – O Carnaval está chegando e muitas cidades se preparam para festa. Mas não todas. Com a crise de abastecimento de água que atinge principalmente o Sudeste do país, alguns municípios decidiram que, em 2015, não vão pular o Carnaval. Ao menos nove prefeituras resolveram cancelar a festa por conta da falta d’água. A maioria está em Minas Gerais, mas também há municípios de São Paulo nessa lista. As administrações afirmam que a presença dos turistas poderia aumentar muito o consumo de água nessas localidades, gerando problemas de abastecimento no futuro. Em algumas delas, os moradores inclusive já convivem com racionamento. Veja, nas fotos, quais cidades cancelaram o Carnaval devido à crise hídrica.
A prefeitura da cidade mineira decidiu cancelar o Carnaval este ano, com medo de que faltasse água para os cidadãos. O município fica na região centro-oeste de Minas Gerais. Além da crise hídrica, a prefeitura diz que a preocupação com a segurança da cidade e a preocupação com situação financeira do município justificam a medida. “Com esse grande período de estiagem, nossos reservatórios já começam a mostrar uma baixa significativa, com a possibilidade de racionamento de água. Diante disso, a realização da festividade poderia gerar um consumo muito elevado de água e, consequentemente, prejudicar o abastecimento da cidade”, diz o comunicado da administração. As preocupações com segurança se dão principalmente por conta do cancelamento do Carnaval nas cidades vizinhas. Para a prefeitura, isso poderia gerar uma demanda de turistas maior do que a cidade pode suportar.
Com os reservatórios já no volume morto e as contas apertadas, Itabira também decidiu cancelar a festa. De acordo com a prefeitura, a cidade já vive um racionamento. Com a festa do Carnaval, a demanda por água seria maior, o que poderia gerar mais transtornos no futuro. “Não sabemos ao certo quanto tempo mais esta seca vai durar e quanto ela poderá nos obrigar a investir imediatamente para minimizar seu impacto”, afirmou o prefeito Damon Lázaro de Sena.
Assim como suas vizinhas da região centro-oeste de Minas Gerais, Itapecerica também resolveu cancelar a festa com medo de que faltasse água para os cidadãos. Um dos fatores que contribuíram para a decisão foi o fato de que outras cidades vizinhas também haviam cancelado suas festas, o que, segundo a prefeitura, poderia levar ainda mais foliões a Itapecerica. No ano passado, a cidade recebeu cerca de 20 mil turistas. “Considerando que o aumento significativo de pessoas no município poderá desencadear uma séria crise de abastecimento de água tratada à população, a prefeitura municipal resolveu que não haverá o Carnaval Itabeleza 2015”, diz comunicado da prefeitura.
Outra cidade da região centro-oeste de Minas Gerais que optou por cancelar a folia em 2015. De acordo com a prefeitura, os moradores de Oliveira já estão sob racionamento, e uma festa como o Carnaval agravaria ainda mais o problema do abastecimento e água. Além da crise hídrica, outro fator que levou ao cancelamento é a situação financeira do município. A prefeitura diz que tem dificuldades em arcar com os gastos na área de saúde e com o pagamento de seus servidores. Sendo assim, “manter a realização de tais festividades não seria, no mínimo, prudente”, diz comunicado da administração.
6/7(Wikipedia/Julio Cesar Paganotti/CreativeCommons)
Municípios do estado de São Paulo também vão ficar sem Carnaval. Em Araras, a 168 km da capital paulista, os desfiles de escolas de samba e blocos foram cancelados devido à crise de abastecimento de água. “Nossa decisão é um ato de respeito a esse momento crítico vivenciado pela população e o governo devido à crise hídrica. Nós, de maneira alguma, deixamos de reconhecer o valor cultural do Carnaval”, disse o prefeito Nelson Brambilla.
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