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Articulações marcam véspera da ida de Dilma ao Senado

Aliados da presidente afastada demonstram otimismo com a virada; Temer articula para conquistar votos

Dilma Rousseff e Lula na  véspera do interrogatório da petista no Senado - 28/08 (Divulgação/Dilma.com.br)

Dilma Rousseff e Lula na véspera do interrogatório da petista no Senado - 28/08 (Divulgação/Dilma.com.br)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 28 de agosto de 2016 às 23h33.

Brasília - Primeiro dia sem sessão no Congresso após o início do julgamento final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), o domingo (28) foi marcado por articulações de senadores favoráveis e contrários ao afastamento definitivo da petista.

Na noite deste domingo, os aliados da presidente afastada se reuniram na casa da senadora Lídice da Mata (PSB-BA). Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Fátima Bezerra (PT-RN), Jorge Viana (PT-AC), Paulo Paim (PT-RS), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Humberto Costa (PT-PE), Regina Sousa (PT-PI), Roberto Requião (PMDB-PR), Ângela Portela (PT-CE) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) participaram do encontro.

Primeira a chegar para a reunião, Grazziotin criticou uma eventual estratégia dos aliados do presidente interino Michel Temer (PMDB) de tentar impor uma nova mecânica a sessão desta segunda-feira (29), que será marcada pelo depoimento de Dilma.

“Se eles realmente quiserem impor uma réplica às respostas de Dilma, diferentemente do combinado previamente, ficará claro que eles querem tumultuar a sessão”, disse.

Além disso, a senadora do PCdoB sinalizou que tentará convencer os opositores de Dilma a alternar a participação com os apoiadores, para dar mais equilíbrio ao interrogatório. A primeira a perguntar a Dilma será a senadora Kátia Abreu (PMDB-GO). Depois da ex-ministra da Agricultura, a maioria dos inscritos é da base de Temer.

Divulgação/Assessoria Lidice da Mata

Reunião da base aliada de Dilma Rousseff para definir estratégia na véspera de interrogatório do impeachment

Paim disse que uma das estratégias usadas por Dilma e pela defesa será “discorrer sobre o que foi feito pelos governos de Dilma e de Lula e comparar com o que foi feito durante o governo do PSDB”. Ele acrescentou que pelo menos 8 senadores vêm demonstrando indecisão sobre seu voto. “Seguiremos trabalhando no corpo a corpo para que Dilma volte ao comando do Planalto”, disse. 

No mesmo sentido, Lindbergh afirmou que “se mais 6 senadores se inclinarem a votar contra o impeachment, a tendência é que todos os indecisos contribuam para a volta de Dilma”. Para ele, a ida de Dilma causará grande impacto no Senado, já que será “o dia da virada na sociedade”.

Dilma, Lula e ex-ministros

O dia também foi movimentado no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. Mais cedo, Dilma recebeu os ex-ministros Jaques Wagner, Miguel Rossetto, Kátia Abreu e Nelson Barbosa.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido no início da noite de hoje pela presidente. Na pauta da reunião, estavam os últimos preparativos para o interrogarório de amanhã. O presidente do PT, Rui Falcão, Kátia Abreu, Nelson Barbosa, João Pedro Stédile, do Movimento Sem Terra, e Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, jantaram no Alvorada. 

Durante a reunião dos aliados, Gleisi ligou para Dilma. Elas falaram por cerca de 10 minutos. A presidente afastada agradeceu o apoio dos parlamentares e falou que está segura e confiante. No momento da ligação, a senadora peemedebista fazia companhia para a presidente afastada.

Ao sair da reunião com aliados da petista, Randolfe afirmou que Dilma demonstrou disposição a permanecer no plenário por quanto tempo for preciso para responder os questionamentos de todos os parlamentares. "Ela disse que acha melhor esgotar as perguntas até o horário necessário. Ela está disposta a amanhecer respondendo", falou o senador da Rede ao sair da casa de Lídice.

Governistas afinam discurso

Reunião da base aliada de Michel Temer para definir estratégia de interrogatório de Dilma - 29/08 (Mariana Di Pietro/Divulgação Gabinete senador José Agripino)


Na manhã deste domingo, líderes e senadores da base aliada ao governo interino de Michel Temer se encontraram na liderança do PSDB do Senado.

Após reunião de quase duas horas para afinar estratégia para a inquirição da presidente afastada, parlamentares definiram que é preciso manter a calma para que a petista não saia “vitimizada” do julgamento final.

Os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Álvaro Dias (PV-PR), José Agripino (DEM-RN), Waldemir Moka (PMDB-MS), José Medeiros (PSD-MT), José Anibal (PSDB-SP), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Ana Amélia (PP-RS), Dalirio Beber (PSDB-SC), Paulo Bauer (PSDB-SC), Lasier Martins (PDT-RS) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES) participaram da reunião. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbasshay (PSDB-BA), também estava presente.

De acordo com Agripino, ”até o exaltado Caiado se comprometeu a ficar mais controlado e disse que não cairá em provocações”.

Apesar disso, os líderes da base governista destacaram que serão “reativos” ao tom da petista. Ou seja, “se Dilma extrapolar”, eles vão acompanhar. “Vamos fazer perguntas técnicas, mas quem vai dar o tom do interrogatório é a presidente afastada”, disse Caiado antes da reunião.

Temer mira indecisos

Neste domingo, Temer concentrou suas energias para receber aliados e membros do núcleo duro do governo interino para monitorar os votos dos indecisos. Interlocutores do peemedebista afirmam que as articulações mais recentes têm como objetivo conquistar o apoio de Telmário Mota (PDT- RR) e Acir Gurgacz (PDT-RO).

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