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Argôlo se diz vítima de vazamento seletivo de mensagem

Deputado antecipou em um dia o depoimento marcado para ouvi-lo no processo que apura quebra de decoro parlamentar


	Luiz Argôlo responde a dois processos por quebra de decoro parlamentar
 (Lúcio Bernardo Jr./Agência Câmara)

Luiz Argôlo responde a dois processos por quebra de decoro parlamentar (Lúcio Bernardo Jr./Agência Câmara)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2014 às 14h20.

Brasília - O deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA) surpreendeu parlamentares hoje (3) ao comparecer ao Conselho de Ética da Câmara. Ele antecipou em um dia o depoimento marcado para ouvi-lo no processo que apura quebra de decoro parlamentar em função de relações com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Argôlo garantiu que não tem qualquer sociedade com o doleiro e explicou que a troca de mensagens, interceptada pela PF, tratava unicamente de um negócio privado de família.

Segundo Argôlo, ele intermediou a venda de um terreno de seu irmão para o doleiro, o que justifica as transferências bancárias e sua presença em um dos escritórios de Youssef em São Paulo, para buscar dinheiro.

“Eu conheci [Youssef] como empresário e investidor no Brasil, mas especialmente na Bahia. Ele tem propriedade de grande hotel em Salvador, em Porto Seguro, e de terrenos em Lauro de Freitas. E quando algum empresário declara interesse em investir no estado, eu sou um motivador, não só dele, mas de qualquer empresário”, explicou.

O parlamentar – investigado por quebra de decoro parlamentar em função das denúncias de envolvimento com o doleiro, inclusive em negócios ilícitos – disse que os trechos divulgados por jornais e revistas foram propositalmente “selecionados”. “O que ocorreu foi vazamento seletivo. Selecionaram as mensagens que eram de interesse”, destacou, ao mencionar os textos sobre uma viagem do empresário a Brasília, que tratam da hospedagem de Youssef no apartamento funcional do deputado.

Argôlo afirmou que nunca houve intenção de atrapalhar as investigações, mas que esperava o momento correto para comparecer ao conselho. O deputado explicou que a venda do terreno foi decidida pelo irmão Manuelito Argôlo Júnior, que enfrentava dificuldades financeiras antes de perder as eleições para a prefeitura de Entre Rios e do processo de separação conjugal. “Por uma questão muito familiar e pessoal que não gostaria de deixá-lo exposto”, explicou ao se referir ao irmão.

Segundo o deputado, a venda foi fechada após as eleições de 2012, no valor total de R$ 375 mil, mas que apenas de R$ 180 mil a R$ 200 mil foram pagos. Argôlo explicou que todos os pagamentos e cobranças que aparecem nas mensagens trocadas com o doleiro se referem a essa negociação e que o doleiro estava com dificuldades de repassar o valor integral justificando mudanças cartoriais e de documentos em seus empresas.

Em uma das mensagens, o deputado pede o repasse de parte do valor para a empresa Bombain. Segundo o parlamentar, trata-se da empresa de gado de um amigo que mantinha negócios com o irmão. A transferência foi feita para quitar uma venda que não foi paga porque o dinheiro do terreno ainda não havia sido totalmente repassado. “Ele falou que não faria o depósito em conta porque estava com dificuldade contratual por causa da transferência da empresa. Insisti porque não era uma coisa minha, mas da minha família. Ele dizia 'me passe a conta de terceiros que precisa ser paga e depois faço os depósitos'”, explicou.

Para antecipar para hoje a manifestação de Argôlo, a defesa dispensou o depoimento de Meire Bonfim da Silva Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, que, no último dia 13, confirmou a relação de amizade entre Youssef e Argôlo e a sociedade mantida pelos dois na empresa Malga Engenharia.

“Nunca fui sócio dele”, afirmou o deputado no depoimento desta terça-feira, ao citar a Malga Engenharia. Sobre o apelido “Bebê Johnson”, usado por Alberto Youssef para falar de Argôlo, segundo relato de Meire Poza, o parlamentar ressaltou que não tinha qualquer relação com a contadora. Meire trabalhou quase quatro anos para o doleiro, entre 2010 e 2014, prestando serviços contábeis e de assessoria às empresas de Youssef.

A defesa ainda apresentou extratos bancários de Vanilton Bezerra para provar que não havia depósitos no valor de R$ 120 mil para a conta do chefe de gabinete do parlamentar, como foi divulgado em denúncias divulgadas pela revista Veja e pelo jornal Folha de S.Paulo que revelaram a troca de mensagens entre Argôlo e Youssef.

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