Areia: foram encontradas altas concentrações de bactérias, fungos e parasitas que podem causar infecções de pele, náusea e vômito (Michael Regan/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2015 às 17h48.
Rio de Janeiro - Uma análise da qualidade ambiental da areia de parques, praças e creches feita pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) nas zonas norte, sul e oeste do Rio de Janeiro atestou que o risco de contrair doenças nesses locais é alto.
O resultado foi apresentado hoje (28) pelo instituto, na Praça do Leme, zona sul do Rio, um dos locais com as piores condições e muito frequentado por crianças.
A coordenadora da pesquisa, Adriana Sotero Martins, disse que no Brasil não existe parâmetro para a avaliação da qualidade da areia, mas, nas análises, foram encontradas altas concentrações de coliformes fecais, bactérias, fungos e parasitas que podem causar micoses, infecções de pele, náusea e vômito.
“Foram feitos 15 pontos de coleta e apenas dois apresentaram resultados aprovados para o usuário, sem risco. Nos demais , encontramos parasitas que oferecem risco à saúde pública, como o bicho geográfico, que é aquela larvinha que percorre, super comum dar em crianças na primeira infância. Seria super importante a gente ter uma legislação que possa garantir ao usuário, aquele que usa o serviço público, ou mesmo serviços provados de creche, por exemplo, que tem parquinhos e tanques de areia, a qualidade dessa areia”.
Os dois pontos analisados que não apresentam riscos para a saúde são a faixa de areia na Praia Vermelha, na Urca, ao lado da Creche Municipal Gabriela Mitral, e a Creche Bambalalão, na Freguesia, em Jacarepaguá.
Entre os pontos com maiores concentrações de contaminantes estão a Praça Saens Peña, na Tijuca, o Bosque da Freguesia, em Jacarepaguá, e a creche municipal Chácara do Céu, no Morro do Borel, na Tijuca.
O estudo foi encomendado pela Comissão pelo Cumprimento das Leis da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), para fundamentar um projeto de lei que estabelece o monitoramento semestral da areia.
Autor do projeto e presidente da comissão, o deputado estadual Carlos Minc ressalta que não há nenhuma iniciativa nesse sentido no Brasil.
“Não existe no Rio nem no Brasil um padrão de referência para qualidade de areia. Então, a partir de que limite isso é perigoso para a saúde das crianças e da população em geral. E depois estabelece o que fazer para prevenir: cercar com tela, borrifar semanalmente com alguma coisa de cloro”.
A proposta já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Alerj e segue para apreciação das comissões técnicas.
O projeto propõe que o monitoramento fique a cargo do órgão ambiental estadual e que os responsáveis pelos locais contaminados sofram sanções que vão de multa à interdição.