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Arcabouço fiscal: para relator, proposta garante controle dos gastos públicos

"Se tivermos de fazer um ou outro reequilíbrio nas dosagens nós estaremos aqui para ouvir as sugestões”, disse Claudio Cajado

O deputado Cláudio Cajado é apontado como favorito, até aqui, para relatar o novo arcabouço fiscal na Câmara. Crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados (Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

O deputado Cláudio Cajado é apontado como favorito, até aqui, para relatar o novo arcabouço fiscal na Câmara. Crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados (Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

Izael Pereira
Izael Pereira

Reporter colaborador, em Brasília

Publicado em 20 de abril de 2023 às 19h11.

Última atualização em 20 de abril de 2023 às 19h28.

Relator do projeto de lei do novo arcabouço fiscal, proposta que apresenta um conjunto de regras e parâmetros para o controle das contas públicas, o deputado Claudio Cajado (PP-BA) disse há pouco que, ao contrário das críticas à regra, o projeto do governo garante controle dos gastos públicos.

“O projeto trata, sim, de controle de gastos, existe um balizamento de que se atingir a receita prevista. Dentro do superávit previsto, você tem a possibilidade de 50% e 70% para aumentar o gasto. Então ele tem um teto, não pode passar de 70% em cima das receitas”, defendeu.

Por outro lado, ele disse que obviamente o governo vai ter de fazer o esforço de conseguir a receita necessária para manter o equilíbrio das contas públicas.

“Isso está claro já, foi dito em várias oportunidades pelo ministro Haddad, o governo se compromete com isso, inclusive já na própria LDO, onde ele apresenta todos os parâmentos para poder atingir não apenas o superávit, mas o crescimento real da economia, em cima inclusive do crescimento do PIB”, defendeu.

Ainda de acordo com Cajado, limitar o gasto público apenas ao teto causaria problemas como os ocorridos na pandemia de covid-19, quando a regra fiscal vigente precisou ser furada.

“Você teve de excepcionalizar o teto. Você tem outras questões que no momento são necessárias de se levar em consideração e por isso teve de se fazer algumas excepcionalidades”, ressaltou.

Além disso, ele defendeu que há momentos em “que você tem de ter políticas fundamentais anticíclicas e isso está previsto no projeto e nós temos de avaliar exatamente essa abrangência”. “Nós temos de pensar no país com equilíbrio. O poder público tem de demonstrar responsabilidade fiscal e responsabilidade na gestão dos recursos, e isso eu acredito que o projeto apresenta. Se tivermos de fazer um ou outro reequilíbrio nas dosagens nós estaremos aqui para ouvir as sugestões”, disse.

Diálogo com a oposição

Na avaliação de Cajado a Câmara tem dado demonstrações de maturidade e de equilíbrio, o que facilitará o diálogo para aprovação do texto. “Estou aberto para ouvir todas as opiniões e sugestões. Obviamente que o projeto pode ter várias emendas apresentadas, nós não estamos aqui fechados para nenhum tipo de observação e proposta que venha a robustecer e melhorar o projeto", afirmou.

A expectativa dele é que, em conjunto com os demais parlamentares, possa ser elaborado “um relatório que venha ao encontro das aspirações que o conjunto da casa deseja".

"Não me arroga a relatar o projeto apenas com o que eu penso e acho. Do ponto de vista técnico nós temos de estudá-lo profundamente. Não tenho dúvidas que se tivermos que alterá-lo, essas alterações serão para melhor”, disse.

“Obviamente que todos nós sabemos que uma lei quando precisa ser modificada tem alguns defeitos. O teto de gastos feito lá atrás teve o seu mérito, mas nos momentos atuais tem de ser modificado. Por isso nós vamos aqui. Com o projeto enviado, analisaremos todos os seus parâmetros para que possamos apresentar nosso relatório”, disse.

Cajado ressaltou que até o momento não houve nenhum pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ou de qualquer parlamentar em relação ao texto. “Eu acabei de ser designado relator e vamos iniciar esse trabalho agora dentro de um prazo que o presidente Lira propôs, de pelo menos até o dia 10 de maio podemos votar no plenário", afirmou.

Escolhido de Arthur Lira

O nome de Cajado foi anunciado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na manhã desta nesta quinta-feira, 20. Ao anunciar Cajado em seu perfil no Twitter, Lira disse que a decisão foi tomada "com a celeridade que o país exige". "Reafirmo aqui nosso compromisso com o amplo debate na apreciação da matéria", completou.

Desde que o arcabouço foi oficialmente apresentado, ainda antes do envio ao Congresso, o nome de Cajado já circulava como um dos favoritos ao papel de relator, como a EXAME mostrou.

O texto final do arcabouço fiscal foi enviado ao Congresso nesta semana. A regra, articulada sobretudo pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, substituirá o atual teto de gastos, que vigora desde o governo Michel Temer.

Cajado é próximo de Lira e está no oitavo mandato. O deputado chegou a assumir a presidência do PP quando o então mandatário, Ciro Nogueira (PP-PI), se afastou do cargo para comandar a Casa Civil no governo Jair Bolsonaro.

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